Aos 68 anos, Bannon partilha as ideias da extrema direita, que levou, graças a Trump, ao topo do poder. Facilmente reconhecível pela sua cabeleira grisalha, é acusado de "obstruir as prerrogativas de investigação do Congresso".

O ex-assessor é acusado de ter ignorado a convocação da comissão parlamentar que procura apurar as responsabilidades na invasão ao Capitólio. Na véspera, Bannon previu que "um inferno" seria criado. Falava ao telefone com Trump, um sinal de que continuava próximo do presidente republicano mesmo depois deste o ter afastado da Casa Branca.

Perdoado por Trump

Existem mais provas da ligação entre ambos: o ex-inquilino da Casa Branca, pouco antes de deixá-la, indultou o seu ex-assessor em outro caso, em que era acusado de desvio de verbas destinadas à construção de um muro na fronteira com o México.

Nos meses que antecederam a vitória eleitoral de Trump, em 2016, Bannon começou a denunciar uma ordem mundial controlada pelas elites políticas e financeiras, ideias que defendia ao dirigir o polémico site de informações Breitbart, plataforma da “direita alternativa”, movimento associado a teses conspiratórias integrado parcialmente por ativistas convencidos da superioridade da raça branca.

A entrada de Bannon na Casa Branca, em 2017, gerou protestos de associações antirracismo, que lembraram os inúmeros artigos incendiários publicados no Breitbart, que se aproximavam do antissemitismo, alimentavam a nostalgia pela bandeira confederada ou denunciavam o multiculturalismo. "Não sou um supremacista branco, sou um nacionalista, um nacionalista económico", ressaltou Bannon na sua primeira entrevista na Casa Branca.

Ao longo dos meses, o "presidente Bannon" nunca obteve o apoio da imprensa, que chamou de "partido de oposição", nem das "elites", que prometeu sacudir.

Bannon foi expulso do governo em agosto de 2017 como resultado de atos violentos na cidade de Charlottesville, Virgínia, durante uma manifestação de ativistas da direita radical.

Finanças e cinema

Bannon nasceu em Norfolk, segundo o próprio numa família democrata da classe trabalhadora pró-Kennedy e sindicatos. Ao concluir os seus estudos, alistou-se na Marinha por vários anos.

O ex-assessor trabalhou como banqueiro de investimentos no Goldman Sachs na década de 1980 e fundou um pequeno banco de investimentos, o Bannon & Co, adquirido pelo Société Générale. Dali, passou para Hollywood.

Nos anos 2000, começou a produzir filmes políticos sobre Ronald Reagan ou o Tea Party. Conheceu Andrew Breitbart, fundador do site com o mesmo nome, e junto-se à guerra do Tea Party contra o "establishment" político americano, tanto democrata quanto republicano.

Nos últimos anos, Bannon ampliou os seus horizontes e mostrou forte apoio aos partidos de extrema direita ou nacionalistas na Ásia, América Latina e, em particular, na Europa, onde se reuniu com Marine Le Pen.

* Por Sébastien Blanc, AFP

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