"O Governo português condena veementemente a repressão exercida pelas Forças Armadas sudanesas sobre cidadãos indefesos em Cartum, que levou à perda de dezenas de vidas humanas", afirmou, em comunicado, o Ministério dos Negócios Estrangeiros.

Portugal repudiou o que considera "o uso injustificado da violência contra manifestantes pacíficos" e apelou "à contenção por parte do Conselho Militar de Transição", considerando que "tem por obrigação zelar pela segurança dos cidadãos sudaneses".

"O Governo português associa-se ainda aos comunicados da União Africana e da União Europeia, assinalando a necessidade de um consenso negocial que permita a assunção do poder por elementos civis", acrescentou o comunicado.

O Sudão vive desde dezembro uma revolução popular sem precedentes que conduziu à deposição, em abril, do Presidente, Omar al-Bashir, substituído por um Conselho Militar Transitório.

Apesar da mudança, os manifestantes continuaram nas ruas, reclamando uma transferência de poder para os civis, enquanto decorriam negociações.

As negociações entre os movimentos de contestação e a Junta Militar fracassaram em 20 de maio com as duas partes a quererem assumir a liderança do período de transição de três anos.

Na segunda-feira, o acampamento, montado desde 6 de abril, em Cartum, foi dispersado pela força, com os manifestantes a denunciarem "um massacre" perpetrado por "milícias" do Conselho Militar.

Os movimentos opositores falam em 108 mortos e mais de 500 feridos, enquanto o Governo do Sudão sustenta que o número de vítimas causados pela repressão não ultrapassa as 46.

Por seu lado, os militares rejeitaram o uso da força, adiantando que se tratou de "uma operação de limpeza" que correu mal.

A operação foi condenada pelas Nações Unidas, Estados Unidos e Reino Unido, entre outros países.

A Arábia Saudita e os Emirados Árabes Unidos, que apoiam os militares sudaneses, apelaram ao diálogo sem condenar a repressão.