Três dias depois de ter tomado posse, em janeiro passado, Trump reintroduziu nos Estados Unidos a proibição de financiamento público de organizações não-governamentais (ONG) internacionais que realizam abortos ou dão informação sobre o processo de interrupção voluntária da gravidez.
“Os acordos podem ser denunciados e a ajuda financeira cancelada”, advertiu a Agência Sueca de Cooperação Internacional e Desenvolvimento (Sida, na sigla em inglês).
“O apoio da agência à defesa dos direitos a uma saúde sexual e reprodutiva não sofreu qualquer alteração”, declarou a diretora-geral do organismo estatal, Carin Jamtin, antiga ministra social-democrata para a pasta da Cooperação.
E salientou: “À escala mundial, os abortos clandestinos representam cerca de 13% da mortalidade materna, e nos países pobres esse número é muito maior”.
A decisão da administração Trump representou um duro golpe para as organizações não-governamentais que prestam serviços nesta área. Segundo dados estimados pelas autoridades holandesas, a falta de verbas destas organizações ronda os 600 milhões de euros.
No ano corrente, a agência sueca decidiu atribuir 17,6 milhões de euros suplementares para apoiar as organizações afetadas pela medida norte-americana.
De acordo com a agência estatal, a Suécia gasta anualmente cerca de 7% da sua ajuda para o desenvolvimento em questões relacionadas com a sexualidade.
“A Suécia é um país muito avançado no que diz respeito à igualdade de géneros. A educação sexual nas escolas existe desde a década de 1950 e a promoção dos direitos relacionados com a saúde sexual e reprodutiva, incluindo o direito ao aborto, goza de um amplo apoio” no seio da opinião pública, concluiu o organismo estatal sueco.
Trump assinou o diploma contra o aborto um dia após o aniversário, a 22 de janeiro, da decisão de 1973 do Supremo Tribunal Roe vs. Wade, que legalizou o aborto nos Estados Unidos.
A ordem executiva de Trump também proíbe o financiamento, com o dinheiro dos contribuintes, de grupos de pressão que pretendem legalizar o aborto ou promovê-lo como método de planeamento familiar.
Esta disposição legal sobre o aborto tem estado no centro de uma espécie de ‘ping-pong’ político nos Estados Unidos durante as últimas três décadas, tendo sido imposta pelos governos republicanos e revogada pelos democratas desde 1984.
Mais recentemente, foi o antecessor de Trump, Barack Obama, quem pôs fim à proibição em 2009.
De acordo com as estimativas da associação Marie Stopes International, a proibição de financiamento nos Estados Unidos irá resultar no aparecimento de cerca de 6,5 milhões de gravidezes indesejadas e 2,2 milhões de abortos sem condições.
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