“Os soldados americanos deixaram o aeroporto de Cabul e a nossa nação obteve a sua independência total”, disse o porta-voz do grupo extremista islâmico, Zabihullah Mujahid.

Os EUA confirmaram hoje que os seus últimos soldados abandonaram o país antes do prazo de terça-feira, encerrando a guerra mais longa da história do país e o esforço para retirar cidadãos afegãos e estrangeiros, ao longo das últimas duas semanas.

Os talibãs conquistaram a maior parte do Afeganistão no início do mês de agosto.

Por volta das 00:00 de terça-feira (hora de Cabul, menos 03:30 em Lisboa), os combatentes do grupo extremista islâmico viram os últimos aviões dos EUA a desaparecerem no céu e dispararam tiros para o ar, celebrando a vitória.

“Os últimos aviões partiram, acabou. Não consigo expressar a minha felicidade em palavras… Os nossos 20 anos de sacrifício resultaram”, disse Hemad Sherzad, um combatente dos talibãs, no aeroporto internacional de Cabul.

O último avião C-17 norte-americano descolou hoje do aeroporto de Cabul, às 20:29 de Lisboa, segundo o Pentágono.

A partida dos aviões marcou o fim de uma grande operação de evacuação, na qual dezenas de milhares de pessoas fugiram do Afeganistão com medo do regresso do domínio dos talibãs.

Os Estados Unidos terminaram hoje a sua guerra mais longa com a retirada militar do Afeganistão, país que invadiram há 20 anos, logo após terem sofrido os ataques terroristas de 11 de Setembro.

Os EUA deixam o Afeganistão de novo nas mãos dos talibãs, cujo primeiro regime (1996-2001) tinham derrubado em dezembro de 2001, quando o grupo extremista se recusou a entregar o então líder da Al-Qarda, Osama bin Laden.

A retirada das forças internacionais foi negociada com os talibãs, em fevereiro de 2020, e ocorre 15 dias depois de o movimento rebelde ter conquistado Cabul, depondo o Presidente Ashraf Ghani.

A vitória dos talibãs desencadeou uma operação das forças internacionais que permitiu retirar do país mais de 100.000 estrangeiros e afegãos a partir do aeroporto de Cabul.

Com a capital afegã controlada pelos talibãs, a operação foi marcada pelo desespero de milhares de afegãos a querer fugir do país e por ataques do grupo extremista Estado Islâmico, incluindo um atentado bombista que matou centenas de pessoas.