Face às dificuldades do Ministério da Defesa e da Polícia Judiciária Militar (PJM) “em localizar documentação” solicitada pela comissão, os centristas pedem acesso ao memorando, sobre a encenação em torno da recuperação do material, em outubro de 2017, alegadamente entregue pelo major Vasco Brazão, inspetor da PJM, ao então chefe de gabinete do ministro da Defesa, tenente-general Martins Pereira. Seja através dos seus autores, Vasco Brazão e o ex-diretor da PJ Militar, e dos “eventuais recetores”, Martins Pereira e José Azeredo Lopes.

O CDS pediu ainda que seja enviada ao parlamento a chamada fita do tempo da PJM – “resumo temporal dos factos” –, obtida através de Vasco Brazão, Luís Vieira, Martins Pereira ou Azeredo Lopes.

É ainda pedido que a comissão tente obter estes documentos “junto do Ministério Público”.

O memorando foi noticiado por vários jornais e a sua existência foi confirmada, por exemplo, pelo Vasco Brazão e Martins Pereira na comissão de inquérito.

Na reunião de hoje da comissão, foi chumbada hoje uma segunda audição dos generais Faria de Meneses e Antunes Calçada para esclarecer os motivos da sua demissão e divergências com ex-Chefe do Exército.

O CDS queria um “esclarecimento cabal” das demissões dos dois generais e “o fundamento das discordâncias” de Faria de Meneses e Antunes Calçada com o antigo Chefe do Estado-Maior do Exército (CEME) Rovisco Duarte, que se seguiram ao roubo do material militar, em junho de 2017.

Os centristas pretendiam esclarecer se ficaram a dever-se a “objetivos pessoais”, como alegou Rovisco Duarte na sua audição na comissão de inquérito, ou “a eventuais falhas de comando que teriam existido”, nomeadamente em “missões militares internacionais”.

No entanto, PS, PCP e BE votaram contra, o PSD absteve-se e só os deputados do CDS votaram a favor.

Berta Cabral, do PSD, afirmou que, “pelo respeito que as Forças Armadas” merecem, não se deve “voltar a especular” sobre a demissão destes generais, já ouvidos na comissão.

E Jorge Machado, do PCP, usou a mesma argumentação, recordando que foi esse o argumento dos comunistas para recusarem uma acareação entre os dois generais e o ex-CEME, na comissão, proposta pelo PSD e CDS, também ela chumbada.

Aprovada por maioria, apesar dos votos contra do PS e do PCP, foi a audição do constitucionalista e ex-ministro Rui Pereira, autor de um parecer, feito a pedido da PJ Militar, sobre as competências desta polícia em casos como o da investigação do furto de Tancos.

O furto de material de guerra foi divulgado pelo Exército em 29 de junho de 2017. Quatro meses depois, a PJM revelou o aparecimento do material furtado, na região da Chamusca, a 20 quilómetros de Tancos, em colaboração de elementos do núcleo de investigação criminal da GNR de Loulé.

Entre o material furtado estavam granadas, incluindo antitanque, explosivos de plástico e uma grande quantidade de munições.