Ricardo Sá Fernandes adiantou que este pedido ao juiz de instrução criminal de Lisboa surge na sequência de notícias de que este tinha dado conhecimento ao ministro da Defesa da encenação montada para a recuperação das armas.
O advogado disse que o seu constituinte vai entregar documentação ao Departamento Central de Investigação e Ação Penal (DCIAP).
A edição `online´ do semanário Expresso divulgou na quinta-feira que o ex-porta-voz da Polícia Judiciária Militar (PJM), major Vasco Brazão, disse ao juiz de instrução da investigação à recuperação do material militar furtado em Tancos que, no final do ano passado, e já depois de as armas terem sido recuperadas, deu conhecimento ao ministro da Defesa, juntamente com o então diretor daquela polícia, da “encenação montada em conjunto com a GNR de Loulé em torno da recuperação as armas furtadas” do paiol nacional de Tancos.
Ainda na quinta-feira, em Bruxelas, o ministro da Defesa Nacional negou “categoricamente” que “tenha tido conhecimento de qualquer encobrimento neste processo”.
No mesmo dia o ex-chefe de gabinete do ministro da Defesa admitiu que recebeu em novembro o coronel Luís Vieira e o major Brazão, mas nunca percebeu qualquer "indicação de encobrimento de eventuais culpados do furto de Tancos".
“Cumpre-me informar, em abono da minha honra e da verdade dos factos, que efetivamente recebi o Sr. coronel Luís Vieira [diretor da Polícia Judiciária Militar] e o Sr. Major Brazão [porta-voz da Política Judiciária Militar], no meu gabinete, em novembro de 2017”, refere o tenente-general António Martins Pereira, numa declaração escrita, enviada por e-mail à Agência Lusa.
O ex-chefe de gabinete do ministro Azeredo Lopes acrescenta que, “nessa ocasião ou em qualquer outra”, não lhe “foi possível descortinar qualquer facto que indiciasse qualquer irregularidade ou indicação de encobrimento de eventuais culpados do furto de Tancos”.
Vasco Brazão, sujeito à medida de coação de permanência na residência sem vigilância eletrónica, é um dos nove arguidos da operação Húbrius, que o caso da recuperação, na Chamusca, em outubro de 2017, das armas furtadas em Tancos.
Em 25 de setembro, a Polícia Judiciária deteve o diretor e outros três responsáveis da PJM, um civil, que estão em prisão preventiva, e três elementos do Núcleo de Investigação Criminal da GNR de Loulé.
Segundo o Ministério Público, em causa estão “factos suscetíveis de integrarem crimes de associação criminosa, denegação de justiça, prevaricação, falsificação de documentos, tráfico de influência, favorecimento pessoal praticado por funcionário, abuso de poder, recetação, detenção de arma proibida e tráfico de armas”.
O furto de material militar dos paióis de Tancos - instalação entretanto desativada - foi revelado no final de junho de 2017. Entre o material furtado estavam granadas, incluindo antitanque, explosivos de plástico e uma grande quantidade de munições.
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