"Nem confiança nem desconfiança. Seria prematuro fazer um julgamento apressado. Não condenamos nem absolvemos antes de tempo", disse Jerónimo de Sousa, na sede do PCP, em Lisboa, após um encontro com responsáveis da Associação Sindical dos Funcionários de Investigação Criminal da Polícia Judiciária (ASFIC/PJ).
O secretário-geral comunista foi questionado sobre as condições políticas daqueles dois responsáveis para se manterem nos respetivos cargos perante a polémica do furto de armamento dos paióis nacionais e alegado encobrimento da situação, envolvendo a Polícia Judiciária Militar e a Guarda Nacional Republicana, com eventual conhecimento por parte da tutela.
"Em primeiro lugar, há um processo de investigação em curso que deve desenvolver-se, tirar conclusões e agir em conformidade com essas decisões. Há um processo judicial que decorre e, tendo em conta a separação de poderes que a Constituição refere, devemos permitir que a Justiça faça o seu caminho", continuou.
Segundo Jerónimo de Sousa, "em termos políticos, com certeza que o ministro da Defesa irá estar nessa comissão de inquérito com outros membros do Governo" e há que "apurar responsabilidades e manter a separação de poderes com uma investigação independente".
"No plano político, tendo em conta que há uma proposta de comissão de inquérito parlamentar que nós não iremos inviabilizar, há a necessidade do apuramento de responsabilidades políticas que terão de ser feitas separando da questão da investigação que está em curso e que não se devia misturar", insistiu.
O líder do PCP sublinhou: "no plano político, não absolvemos nem condenamos prematuramente", pois "há um processo em curso e a Assembleia da República terá esse espaço para discutir o plano político, mas que não se estorve este caminho que a Justiça está a fazer".
Jerónimo de Sousa adiantou que prosseguem as negociações bipartidas com o Governo socialista sobre o Orçamento do Estado para 2019, um "exame comum" à semelhança de anos anteriores, ocasião em que o PCP vai aproveitar, entre muitas outras medidas, para reclamar mais investimento na Polícia Judiciária.
O presidente ASFIC/PJ, Ricardo Valadas, tinha renovado as queixas de falta de meios humanos e materiais e de valorização das carreiras de investigação criminal, alertando para "índices de rutura", "um quadro deficitário em cerca de 50% e uma média de idades a rondar os 50 anos" na PJ.
"Não há nenhuma guerra nem nunca houve entre polícias. Isso são algumas notícias colocadas na imprensa de forma a tentar destabilizar aquilo que é o funcionamento das instituições democráticas do Estado. A PJ tem uma missão: identificar se há crime, os autores e levar a prova material ao processo, seja qualquer que seja a pessoa que cometa o crime", frisou, relativamente à polémica das armas de Tancos.
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