Esta garantia dada por João Gomes Cravinho na comissão parlamentar de inquérito a Tancos, hoje ao fim da tarde, levantou dúvidas aos deputados da oposição, como Rui Silva, do PSD.
“Não compreendo, nem nenhum português compreenderá, que o senhor ministro e o primeiro-ministro não tenham conversado sobre Tancos, que não tenha havido nenhuma orientação”, afirmou.
Por duas vezes, Gomes Cravinho explicou que não falou sobre o roubo, nem na “reunião de transição” com o seu antecessor, José Azeredo Lopes, nem com o primeiro-ministro, António Costa, em resposta a Pedro Filipe Soares, do BE, e depois a Rui Silva.
O ministro registou “a surpresa” do deputado, mas disse que “não há razão para tanto” e explicou que os acontecimentos do furto eram públicos e que Azeredo Lopes se demitira por isso.
A “preocupação fundamental” de todos, do ex-ministro e de António Costa, era com os “dossiers” pendentes no Ministério da Defesa, como a Lei de Programação Militar (LPM) ou o Instituto de Ação Social das Forças Armadas (IASFA), e ultrapassar o “impacto desmoralizador” para o Exército do furto, relatou.
“A preocupação do primeiro-ministro não teve a ver com o episódio em si, mas sim com a necessidade de ultrapassar o impacto desmoralizador nas Forças Armadas” que o roubo representara.
Nas duas vezes que se explicou a razão por não ter discutido em detalhe o furto, João Gomes Cravinho disse que “Tancos não era matéria que suscitasse intervenção do Ministério” e o caso “estava entregue à PJ”.
Ainda em resposta a Pedro Filipe Soares, que o questionou sobre se o primeiro-ministro ou o Presidente da República lhe deram alguma indicação ou indício de terem algum conhecimento na operação de "encobrimento/achamento" do material furtado, João Gomes Cravinho respondeu negativamente.
Em resposta a António Carlos Monteiro, do CDS-PP, o ministro da Defesa admitiu ir analisar o regulamento da medalha da Defesa Nacional, atribuída a dois membros da PJ Militar envolvidos no processo de alegado encobrimento na recuperação do material e avaliar se se justifica serem-lhe retiradas.
O furto de material de guerra foi divulgado pelo Exército em 29 de junho de 2017. Quatro meses depois, a PJM revelou o aparecimento do material furtado, na região da Chamusca, a 20 quilómetros de Tancos, em colaboração de elementos do núcleo de investigação criminal da GNR de Loulé.
Entre o material furtado estavam granadas, incluindo antitanque, explosivos de plástico e uma grande quantidade de munições.
A comissão de inquérito para apurar as responsabilidades políticas no furto de material militar em Tancos, pedida pelo CDS-PP, vai decorrer até junho de 2019, depois de o parlamento prolongar os trabalhos por mais 90 dias.
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