“[Para receber indemnização] um administrador tem de estar no mínimo há 12 meses no cargo e só pode receber no máximo 12 meses de indemnização. Nunca se colocaria em hipótese alguma que a engenheira Alexandra Reis fosse indemnizada num cêntimo, porque não cumpre, cumulativamente desde logo, esses requisitos”, afirmou André Teives, na comissão de inquérito à TAP.

O dirigente sindical respondia a questões do deputado Pedro Filipe Soares, do Bloco de Esquerda, sobre como viram a indemnização de 500.000 euros paga à Alexandra Reis, numa altura em que os trabalhadores sofrem cortes salariais.

“A engenheira Alexandra Reis, enquanto esteve na TAP era corta, corta, corta, manda embora. […] Viva a liberdade, já dizia o outro”, respondeu André Teives.

Já questionado pela deputada socialista Cristina Sousa sobre os canais de diálogo entre a administração e os representantes dos trabalhadores, o dirigente sindical disse nunca ter visto o ex-presidente do Conselho de Administração, Manuel Beja.

“Temos de juntar o momento do doutor Manuel Beja com o momento da engenheira Christine [Oumières-Widener]. Um estava em Portugal e não aparecia e a outra, a engenheira Christine chegou e começou a fazer a volta ao mundo, podia ser 80 dias, mas não foi, foi mais”, sublinhou André Teives, referindo-se a um périplo de cerca de dois meses que a ex-presidente executiva fez pelos locais onde a TAP tinha operação.

Para o representante sindical, esta falta de canais de diálogo levou a que “alguns colegas” tenham começado a recorrer à tutela para tratar de questões sobre a TAP.

Antes, na intervenção inicial, André Teives apontou que, em 2009, a TAP tinha 56 aviões e 7.000 trabalhadores e “hoje operou 97 aviões com 7.000 trabalhadores”.

“Quem mantém, manteve e manterá a TAP no futuro é, sem dúvida, a resiliência, esforço e dedicação de todos os seus trabalhadores”, afirmou.

Já relativamente ao negócio da compra de aviões Airbus, Teives lembrou que, em 30 de abril de 2020, o primeiro-ministro, António Costa, disse em entrevista à RTP que “o Estado português não só tinha conhecimento” do negócio, “como também havia autorizado todo o plano estratégico da TAP, onde se incluía a compra dos aviões”.

O dirigente sindical ressalvou não saber se o Governo tinha conhecimento dos moldes em que o negócio foi feito, referindo-se aos chamados fundos Airbus, que terão financiado a capitalização feita pela Atlantic Gateway, de David Neeleman e Humberto Pedrosa, no processo de privatização de 2015.