O impasse manteve-se durante uma hora, e em cima de mesa esteve a hipótese de não desmobilizar, como foi pedido pela ANTRAL, e manter-se o protesto por mais um dia, até serem conhecidos os resultados da reunião agendada para amanhã de manhã com o PSD.

"Na minha opinião não temos nada, continuamos pior do que quando viemos. Estamos fartos de promessa e mais uma vez é disto que se trata, promessas", afirmou à Lusa Idalina Sousa, uma das taxistas que estava contra a decisão de desmobilizar.

Segundo esta taxista, em causa está o sustento de várias famílias que estiveram uma semana parados sem qualquer rendimento para no final "ir embora como se nada fosse e sem qualquer garantia".

A divisão surgiu logo depois de o vice-presidente da Associação Nacional dos Transportadores Rodoviários em Automóveis Ligeiros (ANTRAL), José Monteiro, ter comunicado a decisão de desmobilizar aos taxistas que estão concentrados no Porto há oito dias.

Segundo aquele responsável, a ANTRAL entendeu que a proposta do PS, a abertura do PSD para reunir na quinta-feira e a iniciativa do PCP, que defende a revogação da lei "Uber", vão ao encontro daquilo que o setor pretendia, pelo que decidiram desmobilizar.

O vice-presidente da ANTRAL sublinhou, contudo, que a "luta não acaba aqui", defendendo que é preciso estar vigilante e garantir que as promessas sejam cumpridas.

O PS propôs hoje aos taxistas incluir no pacote de descentralização a possibilidade de as autarquias regularem o serviço de transporte de passageiros regular e ocasional, depois do protesto do setor em frente à Assembleia da República.

Após uma reunião com os representantes das associações de taxistas, o vice-presidente da bancada parlamentar do PS Carlos Pereira disse que a proposta dos socialistas é "uma resposta à carta apresentada" pelo setor do táxi, que defendia a intervenção do poder local.

"Não vamos fazer nenhuma alteração à lei que está em curso, que vai entrar em vigor no dia 01 de novembro [...]. Não vamos pedir nenhum pedido de inconstitucionalidade", assegurou o socialista, em declarações aos jornalistas depois do debate quinzenal, onde o primeiro-ministro, António Costa, recusou voltar a mexer na legislação que regula as plataformas eletrónicas de transporte.

Em resposta ao BE no debate quinzenal no parlamento, António Costa afirmou que, ao Governo, "cumpre-lhe executar a lei aprovada pela Assembleia da República e promulgada pelo Presidente da República".

Para quinta-feira está marcada uma reunião com o PSD, às 09:00.

Os taxistas estiveram em protesto desde dia 19, contra a entrada em vigor, a 01 de novembro, da lei que regula as quatro plataformas eletrónicas de transporte que operam em Portugal - Uber, Taxify, Cabify e Chauffeur Privé, com concentrações em Lisboa, Porto e Faro.