Numa intervenção que se iniciou com quase 25 minutos de atraso, a primeira-ministra britânica disse que acredita que está a fazer aquilo que considera correto para o futuro do Reino Unido. E negou a intenção de demitir-se.

Começando por esclarecer que esta negociação se trata de uma "responsabilidade acrescida, especialmente com aquilo que está em jogo", Theresa May explicou aquilo que pretende: dar poder ao Reino Unido sobre as leis, dinheiro e fronteiras. E este acordo, na sua opinião, permite exatamente isso.

May indicou que foi necessário tomar "decisões difíceis" e que se tratou de "uma negociação complexa" que vai proteger "postos de trabalhos" e não vai comprometer a segurança do Reino Unido. Também reiterou que o seu "objetivo foi sempre servir o interesse nacional e não o partidário e pessoal".

"Liderança é saber tomar as decisões certas, não as mais fáceis. Como primeira-ministra, o meu trabalho é trazer de volta um acordo que concretize o voto do povo britânico. Eu acredito que este é um acordo que é do interesse nacional e vou levar o processo até ao fim", afirmou.

Já quando estava a responder a questões dos jornalistas presentes, May indicou que, quando "o acordo chegar à Câmara dos Comuns", os deputados vão fazer o seu trabalho. Embora, "naturalmente, devem de respeitar a vontade das regiões que os elegeram".

Porém, admite: "não é situação confortável". No entanto, diz haver um facto que se mantém imputável: "ninguém propôs um acordo alternativo que respeite o referendo".

O governo aprovou na quarta-feira de forma "coletiva", mas sem unanimidade, o rascunho de acordo de saída do Reino Unido da União Europeia, após um conselho de ministros que se prolongou por cinco horas.

Além de uma solução para garantir que não é imposta uma fronteira física entre a Irlanda do Norte e a República da Irlanda, garante os direitos dos cidadãos europeus no Reino Unido e britânicos na Europa, a compensação financeira e um período de transição até ao final de 2020.

Dois ministros, Dominic Raab e Esther McVey, e vários outros membros, de segunda linha, do governo, demitiram-se hoje em desagrado com o texto.

Entretanto, pelo menos dois deputados, incluindo o influente eurocético, Jacob Rees-Mogg, deram conta de que subscreveram uma moção de censura interna à líder do partido Conservador.

"Lamentavelmente, o projeto de acordo de saída apresentado hoje no parlamento revelou-se pior do que o previsto e não cumpre as promessas feitas ao país pela primeira-ministra, seja por conta própria ou em nome de todos nós no programa do Partido Conservador", justificou Rees-Mogg.

Mas a primeira-ministra garante que a sua posição "sempre foi colocar o interesse nacional em primeiro lugar, não um interesse partidário" e recusou condenar os colegas com opiniões diferentes.

"Eles devem fazer o que acreditam ser certo, assim como eu. Lamento que tenham escolhido deixar o governo e agradeço-lhes pelo serviço prestado. Mas acredito que, com cada fibra do meu ser, o caminho que estabeleci é o certo para o nosso país e para todo o nosso povo", afirmou.

Questionada sobre a probabilidade de o acordo ser chumbado no parlamento britânico, onde tem de ser aprovado, reiterou que vai continuar a tentar negociar o melhor acordo possível e desafiou os deputados a analisar o acordo.

"Terão de considerar os votos do povo britânico para deixar a União Europeia e o nosso dever de cumprir esse voto. E, claro, eles serão responsabilizados pelos seus eleitores pelas decisões que tomarem", avisou.

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