"Não estou convencido com este resultado. Vamos investigar as suspeitas que temos de irregularidades. Isso não significa provas. Mas desconfiamos", afirmou numa declaração em vídeo divulgada na página oficial da Fretilin no Facebook.
Numa declaração em tétum para os militantes do partido reunidos no Comité Central da Fretilin (CCF), Mari Alkatiri disse que se as suspeitas não se comprovarem, a Fretilin aceitará o resultado e será uma "oposição forte".
"Peço aos camaradas em todo o Timor-Leste para se manterem calmos, enquanto a direção da Fretilin investiga", disse.
A Lusa tinha solicitado uma reação do líder da Fretilin relativamente aos resultados eleitorais, tendo uma fonte do partido explicado que uma declaração seria feita mais tarde. O mesmo ocorreu com a direção da coligação da oposição, a AMP, que remeteu para segunda-feira uma declaração aos jornalistas.
No vídeo para os seus apoiantes, Alkatiri saudou o facto de na plateia - de centenas de militantes do partido - estarem "muitos jovens", um sinal de que "a luta continua" e que se não vencer agora o partido vencerá no futuro.
"Mantenham calma enquanto a liderança trabalha, porque para fazer reclamação são precisos dados, são precisos factos", repetiu.
"A Fretilin apresentará uma reclamação se comprovar que há factos para apresentar reclamações. Se não houver factos, temos que ter paciência e aceitar. Seremos uma oposição forte. E nunca desistiremos. Não seremos apenas um degrau para ajudar os outros se houver problemas", afirmou.
A Aliança de Mudança para o Progresso (AMP) venceu as eleições legislativas antecipadas de sábado em Timor-Leste com mais de 308 mil votos, ou 49,56% do total, segundo os dados praticamente finais do Secretariado Técnico da Administração Eleitoral (STAE).
Os dados dizem referência a um escrutínio de 99,66%, faltando apenas três dos 85 centros de votação do município de Bobonaro onde a AMP lidera com ampla vantagem (mais de 51,29% dos votos).
Com este apoio eleitoral, a AMP, liderada pelos ex-Presidentes Xanana Gusmão e Taur Matan Ruak, obtém 34 dos 65 mandatos do Parlamento Nacional, o que lhe permite formar o VIII Governo constitucional sem necessitar de qualquer apoio adicional.
Em segundo lugar ficou a Frente Revolucionária do Timor-Leste Independente (Fretilin), que liderou a coligação minoritária do anterior Governo, e que obteve cerca de 213 mil votos, ou 34,18% do total, mantendo o mesmo número de deputados, 23.
No Parlamento estará também o Partido Democrático (PD) - parceiro da Fretilin no VII Governo, que perde dois deputados para cinco, tendo obtido quase 50 mil votos ou 7,95% do total.
Pela primeira vez no parlamento estará ainda a Frente de Desenvolvimento Democrático (FDD) - uma coligação de quatro pequenos partidos - que terá três lugares e que obteve cerca de 34 mil votos ou 5,5% do total.
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