“Não foi fácil este percurso, mas estamos muito determinados e temos um único objetivo: ganhar as eleições, formar o VIII Governo”, disse em entrevista à Lusa o número dois da Aliança de Mudança para o Progresso (AMP).
Presidente do Partido Libertação Popular (PLP), Matan Ruak juntou-se ao Congresso Nacional da Reconstrução Timorense (CNRT), de Xanana Gusmão, e ao Kmanek Haburas Unidade Nacional Timor Oan (KHUNTO), de José Naimori.
Os três – Xanana e Matan Ruak, em camuflado da resistência, Naimori, em vestes tradicionais – dão cor à imagem de uma coligação que nasce maioritária, na oposição, no parlamento, mas com partidos que, há menos de um ano, tinham posturas muito diferentes sobre o futuro do país.
Evidenciadas em choques intensos entre Taur Matan Ruak – que chegou a comparar Xanana Gusmão a Suharto – e Xanana Gusmão que respondeu devolvendo uma medalha com que tinha sido agraciado pela Presidência.
Depois de vários anos de grande aproximação entre Xanana Gusmão e Mari Alkatiri, secretário-geral da Fretilin – o partido que viabilizou o Governo minoritário do CNRT nos últimos anos, e que agora lidera um executivo minoritário com o PD – a situação inverteu-se. Xanana Gusmão está com Taur.
“Nós temos uma relação emocional, apesar das diferenças. E não é só de agora. Mas o respeito, o amor, o carinho entre nós é inseparável. Isso foi uma das grandes razões para ganhar a guerra [contra a ocupação indonésia], porque de outra forma teríamos partido o país”, explica.
“Estamos determinados em ganhar. 80% dos que estão agora neste campo são jovens, mas cada vez que falamos da luta – muitos deles nem sequer participaram -, eles identificam-se. Isto é incrível”, explica.
Desde o início da campanha, Xanana Gusmão e Taur Matan Ruak aparecem juntos em palco, visando diretamente a Fretilin e Mari Alkatiri nas suas críticas.
Taur Matan Ruak diz que as coisas “têm as suas nuances” e explica que é a primeira vez que houve esta “troca” de críticas, insistindo que é da parte da AMP uma resposta a posturas da Fretilin.
“Pelo facto da Fretilin ter negado pura e simplesmente o nosso esforço. Quando eu era Presidente, a Fretilin dizia que nós não éramos raízes, quem era raiz eram eles. Coisa que não aceitamos. Na verdade, estava a deturpar um bocadinho a historia, sobretudo minimizar a contribuição das pessoas”, disse.
“O que nós fizemos na primeira fase foi sacudir um bocadinho a sociedade, dizer de onde viemos, onde estamos e para onde queremos ir. Segundo focar no que queremos fazer nos próximos cinco anos”, explica.
E conciliar as diferenças programáticas profundas entre CNRT e PLP, diz, “não foi difícil”.
“Porque eu não era contra os grandes projetos. Nunca disse que não queria os megaprojetos. A minha pergunta é porque é que temos dinheiro para os megaprojetos, e não temos dinheiro para a água, para as escolas, para as estradas rurais”, afirmou.
“Aliás, vetei o orçamento, insistindo para que o Governo aumentasse o orçamento da educação, agricultura, saúde, desenvolvimento rural, essas áreas primárias. Precisamos combinar o imediato, o médio e o longo prazo” explicou.
É esse, disse, o objetivo da AMP – avançar no que tem sido feito de bom, mas responder às necessidades básicas da população.
O escrever da História, diz, deve ser deixado para os historiadores: “Nós vamos tentar reajustar algumas coisas, mas o resto fica para os historiadores”.
A campanha decorre até 09 de maio.
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