Cristina Semblano, porta-voz da intersindical FO-CFTC, que apoia a greve que começou em 17 de abril, disse que vai haver uma manifestação em 30 de maio junto ao Consulado-Geral de Portugal em Paris e em 02 de junho junto da Embaixada, estando a aguardar "a autorização da prefeitura da polícia".

A também membro da comissão de negociação eleita pelos trabalhadores em greve indicou que a paralisação vai continuar "enquanto não houver avanços sérios nas negociações".

"Enquanto não houver avanços sérios nas negociações, nós não podemos parar a greve e os trabalhadores estão firmes e determinados em continuar a sua ação. O que nos interrogamos também é como é que esta direção geral e a administração em Lisboa é capaz de fazer durar tanto um conflito. Este conflito é inédito na 'praça' em Paris. Não há bancos que façam greve durante 39 dias", afirmou à Lusa.

Cristina Semblano sublinhou que a manifestação e a greve pretendem contestar a alienação da sucursal francesa da CGD, reivindicar "a salvaguarda do emprego e do serviço público", denunciar a degradação das condições de trabalho, a "gestão danosa da sucursal" e a "pouca transparência que envolve o processo".

"Estamos a manifestar-nos contra o projeto de privatização de uma empresa pública, a sucursal de França da CGD, que faz parte integrante do plano de reestruturação da CGD que foi acordado entre o governo português e Bruxelas em contrapartida da recapitalização do banco público", reiterou, sublinhando que a Comissão de Trabalhadores em greve exige o acesso ao plano de reestruturação.

Num ambiente festivo, com bandeiras e cachecóis de Portugal, apitos e músicas como "Grândola Vila Morena" e "Os Vampiros" de Zeca Afonso, "Minha Casinha" de Xutos & Pontapés, "Uma Casa Portuguesa" de Roberto Leal, rancho e Quim Barreiros, os grevistas tinham cartazes onde se lia "A Caixa unida jamais será vendida", "Bruxelas impõe! A Caixa dispõe! Não à alienação" e "Culpados de promover a precariedade na CGD França".

Os grevistas também cantaram "Eles comem tudo e não deixam nada" e "On est lá pour nos clients" [Estamos aqui pelos nossos clientes], entre outras palavras de ordem.

Uma delegação de trabalhadores foi recebida pelo embaixador de Portugal em Paris e, de acordo com Cristina Semblano, o objetivo é "pedir-lhe para transmitir ao Governo português a preocupação perante a situação da CGD em França, perante a manutenção do serviço público à clientela e perante os riscos de imagem e reputação que esta situação traz para a sucursal e para Portugal".

Com uma 't-shirt' com a inscrição "En grève", Fátima Meira, empregada comercial na sede da sucursal em Paris, contou à Lusa que foi criado um "mealheiro" para ajudar os grevistas que tenham dificuldades financeiras face à duração do movimento de greve, sublinhando que "não há desgaste psicológico" entre os trabalhadores em greve.

"Não há desgaste psicológico. Nós continuamos muito mobilizados quando nos vemos frente a uma direção que nos despreza completamente, que não só despreza os empregados, como despreza toda a comunidade portuguesa. Nós queremos respostas à continuação da sucursal em França e não vamos baixar os braços", sublinhou a portuguesa de 55 anos, há 35 em França.

Manuela dos Santos, membro da comissão de negociação dos trabalhadores em greve, destacou à Lusa que "esta história de alienação é completamente incompreensível", porque a sucursal francesa tem "uma grande percentagem" sobre os benefícios do banco e disse que "a greve dura há quase 40 dias" e deve continuar.

"A greve é votada quase todos os dias. São os trabalhadores em greve que decidem. A última recondução que houve foi feita ontem até terça-feira. Sabendo que hoje as pessoas não vão receber o salário porque estão em greve há quase 40 dias, supomos que a direção está à espera do golpe psicológico sobre as pessoas para não adiantar as regras de diálogo social", afirmou, denunciando que a direção da sucursal em França da CGD "ameaçou as pessoas em greve".

Esta quinta-feira, a intersindical FO-CFTC acusou, em comunicado, a CGD em França de ter ameaçado os trabalhadores de recurso aos tribunais "por abuso do direito de greve".

Questionada pela Lusa, fonte oficial da CGD disse que "no quadro de negociações difíceis que já se prolongam há mais de um mês, a Caixa reserva-se o direito de invocar a possibilidade de defesa em sede judicial, caso se torne necessário, tal como já foi utilizada pelos sindicatos em questão".

A greve, iniciada no dia 17 de abril, foi apoiada pela intersindical francesa FO-CFTC, mas não foi seguida pelos sindicatos CGT e CFDT.

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