Para o presidente da Comissão de Trabalhadores da Azores Airlines, “enquanto não houver uma verdadeira reestruturação, um plano de negócios e uma estratégia para a empresa é uma situação que pode repetir-se” porque “isso já aconteceu no passado com esta administração, principalmente”.
Os trabalhadores do grupo SATA não receberam atempadamente os salários de setembro, tendo a empresa justificado os atrasos com “condicionalismos de tesouraria”, mas prometeu pagar ainda esta semana.
Esta é a segunda vez este ano que o pagamento de ordenados é adiado na SATA, uma vez que os salários de junho foram pagos com atraso, tendo a empresa decidido pagar em duas tranches: 70% do vencimento no final de junho e os remanescentes 30% no início de julho.
Desta vez os trabalhadores receberam na terça-feira, 1 de outubro, 40% do salário, tendo o restante sido liquidado hoje, mas nem todos os trabalhadores tinham recebido às 14:30 dos Açores (menos uma que em Lisboa), segundo o responsável pela Comissão de Trabalhadores da Azores Airlines.
O porta-voz da SATA, António Portugal assegura à Lusa que a segunda tranche de 50% dos salários foram processados cerca das 12:30, remetendo o facto de nem todos os trabalhadores terem ainda recebido para procedimentos internos da banca, que diferem de instituição financeira.
José Morgado considera que a SATA “possui os meios para ultrapassar esta fase” através de uma “reestruturação séria” com que o conselho de administração se “comprometeu”, mas, volvido um ano de exercício, “não houve qualquer medida neste sentido”.
“Não é só com a contenção, com o congelamento da admissão de pessoal em áreas estratégicas como a operacional, onde há falta de pessoal na escala de Lisboa e Porto, que se vai ultrapassar esta fase difícil”, declara.
A Comissão de Trabalhadores da Azores Airlines, num comunicado enviado aos profissionais da SATA, refere que “as comunicações emitidas por quem nos lidera são de uma falta de consideração atroz por quem luta, trabalha e defende o quotidiano da companhia”.
“Só ao final do dia 30 é que o conselho de administração ficou conhecedor da falta de dinheiro para pagar ordenados? Não teria sido preferível ter explicado o problema previamente, para que aqueles com compromissos inadiáveis se começassem a defender?”, interroga-se.
Aquela comissão recorda que “falta ainda refletir um trimestre caótico (de resultados financeiros), que até presenciou um ACMI (aluguer de aviões e tripulações) em sequência de inação administrativa, de um verão que, decerto, também ficará aquém das convicções”.
As duas companhias aéreas da SATA registaram no primeiro semestre de 2019 um prejuízo de 27,9 milhões de euros, cabendo à Azores Airlines - que voa de e para fora dos Açores - a maior fatia (25,4 milhões).
Em conferência de imprensa realizada sexta-feira em Ponta Delgada, o presidente do conselho de administração da SATA, António Teixeira, adiantou ainda que o prejuízo da SATA Air Açores, que faz as ligações entre as nove ilhas do arquipélago, foi de 2,5 milhões de euros.
"Os resultados obtidos ficaram aquém do esperado", reconheceu o gestor, atribuindo tal a "fatores externos e circunstanciais" e também uma "consequência da fase de estabilização operacional" em que se encontra o grupo.
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