“Os trabalhadores e a CGTP-IN não se deixam calar e não se vão calar”, lê-se no comunicado da central sindical, que aponta para a crise no mercado laboral causada pelo novo coronavírus.
Atualmente, “estão ameaçados muitos milhares de postos de trabalho e há mais de 350 mil desempregados”, sublinhou a CGTP, acrescentando que “um milhão de trabalhadores está em ‘lay-off’ com perda de um terço da sua retribuição”, e que “mais de 300 mil estão noutras situações de enorme perda de remunerações e muitos milhares com salários em atraso”.
Segundo a CGTP, por causa da situação provocada pela pandemia, neste momento, “os direitos são atropelados pelas empresas com despedimentos ilegais, com a precariedade, com a imposição de ritmos de trabalho brutais e sem respeito pela organização dos horários de trabalho e descansos semanais”.
Dado o atual estado de emergência em Portugal, a CGTP, tal como anunciou em 14 de abril, não vai “realizar as manifestações, concentrações e desfiles”, mas quer assinalar as datas do 25 de Abril e do 1.º de Maio.
“Está em curso uma campanha, levada a cabo por quem ainda não desistiu de acertar contas com o 25 de Abril e as suas conquistas e valores, com que se pretende impedir as comemorações da revolução que devolveu aos trabalhadores e ao povo português a liberdade, a democracia e um vasto conjunto de valores e de direitos que continuamos a defender e a exigir que sejam cumpridos na sua totalidade”, afirma a central sindical.
A CGTP frisou que, na “situação provocada pelo surto epidémico que veio alterar” as vidas dos portugueses, e em que “são fundamentais medidas de proteção da vida e da saúde, é também imprescindível que sejam garantidos os direitos e interesses dos trabalhadores”.
E salientou: “Não aceitamos que se tente impedir a sessão comemorativa do 25 de Abril na Assembleia da República, sob falsos pretextos e no dia 25 de Abril às 15:00 cantaremos a Grândola e o hino nacional”.
De acordo com a central sindical liderada por Isabel Camarinha, “esta campanha está a tentar também que no 1.º de Maio os trabalhadores não possam expressar a sua indignação face à situação que estão a viver, de brutal ataque ao emprego, aos salários, aos direitos consagrados na lei e na contratação coletiva”.
Por isso, lançou que a central sindical vai assinalar o 1.º de Maio, Dia do Trabalhador, na rua, mas “garantindo a proteção e o distanciamento sanitário”, e sem a “participação de centenas de milhares de trabalhadores e de reformados que estarão solidários a partir das suas residências”.
Portugal regista 714 mortos associados à covid-19 em 20.206 casos confirmados de infeção, segundo o boletim diário da Direção-Geral da Saúde (DGS) sobre a pandemia.
Relativamente ao dia anterior, há mais 27 mortos (+3,9%) e mais 521 casos de infeção (+2,6%).
Das pessoas infetadas, 1.243 estão hospitalizadas, das quais 224 em unidades de cuidados intensivos, e 610 foram dadas como curadas.
O decreto presidencial que prolonga até 02 de maio o estado de emergência iniciado em 19 de março prevê a possibilidade de uma “abertura gradual, faseada ou alternada de serviços, empresas ou estabelecimentos comerciais”.
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