Os trabalhadores chegaram a impedir o acesso de outros funcionários da Sonae ao centro de distribuição do grupo, em que trabalham cerca de 800 pessoas, mas foram, entretanto, persuadidos pela PSP, que mobilizou cerca de dez agentes para o local.
“Estamos aqui, por um lado, por aumentos salariais, por outro, porque estes trabalhadores da logística da Sonae não têm progressão na carreira profissional”, disse à Lusa Marisa Ribeiro, coordenadora do Sindicato do Comércio, Escritórios e Serviços de Portugal (CESP), no primeiro dia de greve das empresas afetas à Associação Portuguesa das Empresas de Distribuição (APED), sem no entanto especificar a adesão à greve.
Os funcionários reclamam ainda o fim da chamada “tabela B”, que estipula salários inferiores para trabalhadores de fora da área do Grande Porto, Lisboa e Setúbal, no que apelidam de “discriminação geográfica".
A coordenadora sindical adiantou que “há trabalhadores [da logística da Sonae] há 20 anos a receber o salário mínimo”, sublinhando que a luta pela “eliminação da tabela B” faz-se pela “diferença de 40 euros no salário de trabalhadores com a mesma categoria profissional” que vivem em outros distritos do país.
“É um claro caso de discriminação entre trabalhadores em função da sua localização geográfica”, asseverou Jorge Machado, deputado do PCP presente na manifestação, esperando que “o governo intervenha” no sentido de a eliminar, através da Autoridade para as Condições do Trabalho.
Para o deputado, a greve é “justa, na perspetiva da melhoria dos salários, do desbloquear da contratação coletiva, da melhoria das condições e até da segurança dos trabalhadores”, para além de “necessária”, face ao que entende ser uma “postura de intransigência da administração da Sonae relativamente sequer à possibilidade de uma negociação”.
“Trabalho aqui há 16 anos e tenho o mesmo salário como se entrasse de novo”, disse à Lusa Paulo Fortuna, coordenador de serviço na Sonae Distribuição, denunciando os aumentos salariais como meros “acertos” e falta de cumprimento de regras de segurança.
Segundo o funcionário, “não deveriam sair todas as chefias responsáveis pelas secções ao mesmo tempo. Há um acidente de trabalho e chefias não estão lá e têm de ser os colegas a socorrer outros. Depois, nos processos dizem que está tudo bem e que cumpriram todos os procedimentos. Num dos últimos [acidentes], se não fosse eu a tirar fotos para o procedimento, nem isso tinham” para efeitos de seguro de trabalho, explicou.
“Eles tentam omitir tudo”, denunciou Paulo Fortuna, acrescentando que “se um acidente fosse relatado como deveria ser, se calhar quem era punido era as chefias”.
Para além da greve nos armazéns, está prevista a paralisação dos trabalhadores dos supermercados e hipermercados dos grupos Sonae, Jerónimo Martins e Dia/Minipreço, para os dias 23 e 24 de dezembro.
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