A energia elétrica foi reposta no bairro do concelho de Almada mais de três dias depois de parte dos moradores terem ficado sem luz.

Em declarações à agência Lusa a presidente da Associação Cova do Mar que têm o projeto social “Fábrica dos Sonhos”, explicou que não poderá abrir hoje as suas portas e receber as mais de 35 crianças que acolhe todos os dias para atividades de tempos livres e acompanhamento no estudo porque não estão reunidas todas as condições necessárias.

“É necessário fazer as arrumações e inventários que tínhamos previsto fazer e ficaram pendurados pela falta de eletricidade”, disse Alexandra Leal, adiantando que as atividades só deverão retomar no dia 18 de janeiro.

Além disso, adiantou, é preciso perceber se a luz já foi reposta em todas as famílias do bairro.

Entretanto a associação aguarda a chegada das 80 lanternas encomendadas com o valor doado por várias pessoas para distribuir pelas famílias.

“Na impossibilidade de termos em quantidades suficientes para as três mil pessoas do bairro vamos continuar a distribuir uma por cada criança que more no bairro e precise”, frisou.

O Segundo Torrão, na Trafaria, é um bairro precário do concelho de Almada, distrito de Setúbal, com mais de três mil pessoas que há cerca de 40 anos se começou a formar ilegalmente, uma condição que se mantém, assim como as carências habitacionais, a falta de luz, de esgotos ou de limpeza nas ruas.

Segundo Alexandra Leal, na impossibilidade de terem um contrato de eletricidade, os moradores recorrem a “puxadas” feitas de forma irregular, o que torna as sobrecargas de rede frequentes.

No domingo, a Associação Cova do Mar, que faz intervenção humanitária no Bairro do Segundo Torrão, apelou a uma ação social urgente na zona, uma vez que parte dos moradores estava há quase três dias sem eletricidade.

A associação apelou também à ajuda para a doação de lanternas ou de donativos para as comprar de forma a socorrer as famílias com o que considera ser “o mínimo dos mínimos” e alertou para a necessidade de as entidades oficiais acionarem com urgência os meios de apoio de emergência.

O projeto social “Fábrica dos Sonhos” nasceu em 2016 e tem como objetivo ser um espaço comunitário, 100% gratuito, onde as crianças possam brincar e sonhar.

Por este espaço que, segundo Alexandra Leal, sobrevive desde o início com donativos de empresas e pessoas que acreditam no projeto e na sua missão social, já passaram 112 crianças daquele bairro.

A agência Lusa contactou a Câmara Municipal de Almada no sentido de obter respostas quanto à resolução da falta de energia no bairro do Segundo Torrão e se as famílias estavam a receber apoio, mas até ao momento não obteve resposta.