"Palavras e ações têm consequências, e mais do que nunca quando são as do primeiro-ministro. À medida que os sinais se acumulam dos prováveis danos económicos e sociais de um ‘Brexit’ "sem acordo" — e da crescente oposição a ele — o novo primeiro-ministro deve escolher se será o porta-voz de uma fação ultra-Brexit, ou o servidor da nação que lidera", avisou hoje, num comunicado, o conservador John Major.
O trabalhista Gordon Brown invoca, num artigo publicado no jornal The Guardian, que a maioria dos britânicos está convencida de que a saída do Reino Unido da União Europeia vai ter consequências negativas para o país.
"Quando futuros historiadores olharem para trás, ficarão chocados ao descobrir como tal ato de autoflagelação económica, que contraria totalmente o interesse nacional, poderia ser descrito por Nigel Farage e Boris Johnson como o auge do patriotismo e críticas de qualquer parte do mundo desvalorizadas como uma traição", escreveu o escocês.
Já Tony Blair reiterou a defesa de um novo referendo para tentar sair do impasse existente no parlamento.
Blair considera que o referendo de 2016 que ditou o ‘Brexit' não é um mandato para uma saída sem acordo, pois, lembrou, na altura foi garantido que um acordo de saída seria fácil de obter.
"Mesmo antes de se tornar primeiro-ministro esta semana, Boris Johnson já se fechou num ‘Brexit’ sem acordo. Se ele não recuar da posição de negociação declarada, ele vai falhar. Nesta situação, ele pode tentar forçar uma saída sem acordo, desafiando o parlamento, convocar uma eleição ou voltar a perguntar à população num referendo entre uma saída sem acordo ou a permanência [na União Europeia]", escreveu no diário The Times.
Boris Johnson é o favorito para ser declarado líder do partido Conservador na terça-feira e, consequentemente, ser nomeado primeiro-ministro na quarta-feira, sucedendo a Theresa May.
Os cerca de 160 mil militantes do partido Conservador têm até às 16:00 (mesma hora em Lisboa) para fazer chegar o voto postal, hora após a qual será iniciado o processo de contagem dos boletins.
Durante a campanha para a liderança dos conservadores, disputada com o ministro dos Negócios Estrangeiros, Jeremy Hunt, Boris Johnson reiterou a determinação em concretizar o processo do ‘Brexit' até ao prazo de 31 de outubro, admitindo a hipótese de uma saída sem acordo se Bruxelas não aceitar alterações à solução para a Irlanda do Norte, designada por ‘backstop'.
Hoje, na coluna semanal para o diário Daily Telegraph, o antigo ‘Mayor' de Londres qualifica de "pessimistas tecnológicos" aqueles que não acreditam na existência de soluções tecnológicas para evitar uma fronteira física entre a província britânica e a vizinha República da Irlanda
"Está na hora de este país recuperar algum espírito de boa vontade. Podemos sair da UE em 31 de outubro e, sim, certamente temos a tecnologia para isso. O que precisamos agora é da vontade e de garra", escreveu Johnson.
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