“Já estão a decorrer obras nesses taludes. O que vai acontecer é que vamos ter de atuar já neste talude”, que motivou o descarrilamento, afirmou Guilherme W. d'Oliveira Martins à Lusa, por telefone.

Segundo o governante, de momento estão a decorrer intervenções nos taludes (planos de terreno inclinado que dá estabilidade e sustentação ao solo) da linha da Beira Alta entre os quilómetros 59 e 82,6, pelo que acidente ao quilómetro 82,1 aconteceu dentro da área em obras.

“Esta situação no talude já tinha sido sinalizada, evidentemente as circunstâncias temporais agravaram a situação”, justificou.

O governante disse ainda que, além destas intervenções, a linha da Beira Alta terá “intervenções mais fortes” a partir de 2019, no âmbito do plano de investimentos Ferrovia 2020. Já este ano, acrescentou, haverá uma intervenção mais pequena no troço Guarda-Cerdeira.

Questionado sobre se as intervenções que estão a ser feitas podem estar na origem do acidente, o governante recusou, justificando que o deslizamento foi “agravado pelas condições do tempo”. Além disso, disse, naquele troço a velocidade está limitada a 60 quilómetros por hora.

O presidente da Câmara de Mortágua, Júlio Norte, também disse hoje à Lusa que foi um deslizamento de terras devido à chuva dos últimos dias que causou o descarrilamento do comboio.

“O acidente não teve a ver com as obras” em curso nalguns troços da Linha da Beira Alta, acrescentou, frisando que, na sequência dos incêndios de 15 outubro de 2017, os taludes da linha e as encostas na zona estão desprovidos de vegetação, o que “tende a provocar deslizamentos” que arrastam terra, pedras e troncos.

O sábado “foi um dia em que choveu bastante”, realçou o autarca.

Desde as 08:40 (hora de Lisboa) que a linha da Beira Alta está cortada junto ao túnel de Coval, em Mortágua, devido ao descarrilamento de um comboio intercidades que ligava a Guarda a Lisboa, sem registo de feridos entre os 71 passageiros e três tripulantes.

Ao longo do dia de hoje deveriam circular 14 comboios na linha da Beira Alta, pelo que a CP está a assegurar o transbordo dos passageiros nesse troço em autocarros até que haja a reposição da circulação dos comboios.

Ainda não há hora prevista para a linha estar integralmente operacional.