Todos os anos, os EUA celebram o Dia da Independência a 4 de julho, dia em que foi assinada em 1776 a Declaração de Independência, que assegurava que as 13 colónias norte-americanas passariam a ser livres do poder colonial inglês.

Tradicionalmente, o presidente dos EUA tomava parte numa pequena cerimónia organizada na Casa Branca mas não se envolvia diretamente no evento público para não politizá-lo. No entanto, as comemorações deste ano foram marcadas por uma inédita parada militar e um discurso do presidente Donald Trump, proferido em frente ao Lincoln Memorial.

Como escreve o jornal britânico The Guardian, ao contrário dos seus discursos improvisados e com tendência para divagar entre vários tópicos, o líder norte-americano surpreendeu ao trazer um guião estruturado. Para além deste se destinar a destacar os grandes feitos norte-americanos e a honrar cada um dos ramos militares dos EUA, o discurso pretendia traçar o cariz histórico do Dia da Independência. No entanto, a comunicação foi marcada por algumas gafes.

Falando nos confrontos entre as tropas revolucionárias norte-americanas e as forças inglesas, Trump começou por lembrar que em junho de 1775, “o Congresso Continental criou um exército unificado pelas forças revolucionárias acampadas à volta de Boston e Nova Iorque”. Com a ajuda da França, esse exército, comandado pelo primeiro presidente dos EUA, George Washington, obrigou os ingleses a capitularem em 1781.

No entanto, descrevendo os desafios que o exército continental ultrapassou no seu combate aos ingleses, o presidente acabaria por dizer que este “dominou os ares, bateu-se nas muralhas, tomou conta dos aeroportos, fez tudo o que tinha a fazer.”

A questão é que, como rapidamente viria a ser apontado, uma viagem aérea não aconteceu nos EUA até ao início do século XX. Segundo os registos, os irmãos Wright — que até viriam a ser saudados por Trump — foram os homens responsáveis por voar o primeiro avião da história em 1903, numa curta viagem inaugural em Kitty Hawk, localidade do estado da Carolina do Norte.

Como resultado, escreve a BBC, a gafe tornar-se-ia viral nas redes sociais, com vários comentários e imagens a brincarem com o erro de Donald Trump. Uma delas, por exemplo, é uma montagem do quadro “Washington Crossing the Delaware”, pintado em 1851 por Emanuel Gottlieb Leutze, dentro de um aeroporto.

Este não viria a ser o único erro no discurso, visto que Trump também se referiria à batalha do Forte McHenry com parte da luta pela independência quando, na verdade, esta só viria a ocorrer em 1814, no âmbito dos conflitos iniciados em 1812 enquanto parte das Guerras Napoleónicas.

No entanto, apesar dos erros, o discurso de Trump foi muito aplaudido pelos seus apoiantes, tendo sido visto mais de dois milhões de vezes na sua conta oficial na rede Twitter.

Na presença do vice-presidente, Mike Pence, de membros da sua administração, de legisladores e de representantes das Forças Armadas, Trump homenageou os militares, polícias, socorristas e voluntários que atuaram no 11 de Setembro, assim como muitos civis, incluindo ativistas do  movimento sufragista e figuras proeminentes no movimento dos direitos civis dos negros, como Martin Luther King.

"Ao reunirmo-nos nesta noite na alegria da liberdade, recordamos que todos compartilhamos uma herança verdadeiramente extraordinária. Juntos somos parte de uma das melhores histórias já contadas: a história dos Estados Unidos", disse Trump, acompanhado da sua mulher, Melania.

"Para os americanos, nada é impossível", afirmou o presidente numa cerimónia que começou com a passagem do imponente Boeing 747 presidencial (Air Force One) e terminou com o sobrevoo de diversos aviões de combate, incluindo o raro bombardeiro B2. Além do sobrevoo de caças F-35 e das manobras do esquadrão Blue Angels da Marinha, tanques e veículos de combate foram exibidos estacionados nas proximidades, sem circular porque as suas rodas poderiam danificar as ruas da cidade.