O título, que cita duas fontes anónimas com conhecimento das conversas, assinalou que Trump mencionou o assunto por várias vezes depois da sua derrota eleitoral, perguntando os efeitos jurídicos e políticos de tal medida.

Ainda segundo o jornal, não está claro se a questão voltou a ser abordada depois do assalto dos apoiantes de Trump ao Congresso, na quarta-feira, feito depois de este os ter incentivado a irem para a sede do poder legislativo federal protestar contra o que alega ser uma fraude eleitoral, sobre a qual, contudo, nunca apresentou qualquer prova.

Que um presidente se perdoe a si próprio seria algo inédito na história dos EUA, mas Trump tem falado em público repetidamente sobre essa opção, defendendo que tem o "direito absoluto" a fazê-lo, o que, porém, é contestado por muitos analistas.

Trump avançou com esta possibilidade em particular durante a investigação da designada interferência russa, que se debruçou sobre as relações entre dirigentes russos e a sua campanha nas eleições que conduziram à sua vitória em 2016.

Mas o caso foi encerrado sem que Trump fosse acusado de qualquer delito, devido a normas do Departamento da Justiça que estabelecem que um chefe de Estado não pode ser acusado enquanto estiver no cargo.

No entanto, o procurador especial do caso, Robert Mueller, insistiu sempre no facto de a acusação não poder avançar porque Trump estava no cargo, o que significa que, em principio, pode ser julgado quando sair da Casa Branca.

Para alguns analistas, Trump também pode ser levado à justiça por ter pressionado a autoridade eleitoral do Estado da Geórgia para que manipulasse os resultados das eleições de novembro e por incitação à violência no assalto ao Capitólio.

Depois da derrota eleitoral, Trump já perdoou ao general Michael T. Flynn, o seu primeiro assessor de segurança nacional, que se declarou culpado de ter mentido à polícia federal (FBI) sobre os seus contactos com agentes russos, e a duas outras pessoas condenadas no mesmo processo.

Além, ainda segundo o New York Times, Trump está a considerar perdoar de forma preventiva vários membros da sua família - incluindo os filhos, Donald Trump Jr., Eric Trump e Ivanka Trump -, o marido desta última e assessor da Casa Branca, Jared Kushner, e outros colaboradores próximos, como o seu advogado pessoal, Rudolph Giuliani.

Os perdões presidenciais aplicam-se só a crimes federais, pelo que não prejudicam investigações a eventuais violações de leis estatais, como a que Nova Iorque abriu contra Trump por alegadas irregularidades financeiras da sua empresa.

Em toda a história, o único presidente dos EUA que foi perdoado foi Richard Nixon, que obteve o perdão de quem tinha sido seu vice-presidente, Gerald Ford, um mês depois de deixar o cargo, cobrindo todos os possíveis crimes cometidos durante a sua Presidência, marcada pelo escândalo do 'Watergate'.

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