"Determinei que é tempo de reconhecer oficialmente Jerusalém como a capital de Israel", disse Trump em conferência de imprensa na Casa Branca, esta quarta-feira, acabando mesmo por avançar para o aguardado e polémico anúncio: "É óbvio que Jerusalém é a capital de Israel". "Anteriores presidentes fizeram disto uma promessa de campanha e falharam em cumprir. Hoje, eu cumpri", disse.

Na sequência desta ação, Trump anunciou a mudança da embaixada dos EUA em Israel de Telavive para Jerusalém, algo que poderá demorar anos.

Uma lei norte-americana de 1995 solicitava a Washington a mudança da embaixada para Jerusalém, mas essa medida nunca foi aplicada, porque os Presidentes Bill Clinton, George W. Bush e Barack Obama adiaram sua execução, a cada seis meses, com base em “interesses nacionais”.

Apesar da controversa decisão hoje anunciada, Trump apelou à calma e garantiu que os EUA estão comprometidos na construção da paz entre palestinianos e israelitas, através da solução dos dois estados.

"Todos os desafios precisam de abordagens novas. O meu anúncio hoje marca o início de uma nova abordagem ao conflito entre israelitas e palestinianos", disse Trump. "Não estou a tomar uma decisão sobre o estatuto final [de Jerusalém]", os Estados Unidos "permanecem comprometidos em facilitar um acordo de paz que seja aceitável para ambos os lados. Tenhop intenção de fazer tudo o que estiver ao meu alcance para ajudar a forjar este acordo", acrescentou, mostrando-se confiante na capacidade de ultrapassar os diferendos entre as duas partes.

"Hoje apelamos à calma, à moderação, e que as vozes da tolerância se sobreponham a quem propaga o ódio", disse o Presidente dos EUA no decorrer da sua alocução.

Os Estados Unidos transformam-se assim no único país do mundo a reconhecer Jerusalém como capital de Israel.

A comunidade internacional nunca reconheceu Jerusalém como capital de Israel, nem a anexação da parte oriental conquistada em 1967.

Israel considera a Cidade Santa a sua capital “eterna e reunificada”, mas os palestinianos defendem pelo contrário que Jerusalém-leste deve ser a capital do Estado palestiniano ao qual aspiram, num dos principais diferendos que opõem as duas partes em conflito.

Os países com representação diplomática em Israel têm as embaixadas em Telavive, em conformidade com o princípio, consagrado em resoluções das Nações Unidas, de que o estatuto de Jerusalém deve ser definido em negociações entre israelitas e palestinianos.

Na terça-feira, líderes árabes e o Presidente francês Emmanuel Macron apelaram a Trump para que reconsiderasse a sua intenção, já que esta poderia ter como resultado um aprofundar dos diferendos entre palestinianos e israelitas, destabilizando a região. Ainda assim, Trump avançou.

O primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, ja reagiu, agradecendo a Trump pela "decisão histórica" e garantiu que o povo israelita lhe será "eternamente grato".

Mahmoud Abbas: EUA perderam condições para intermediarem processo de paz 

O Presidente da Autoridade Palestiniana, Mahmoud Abbas, afirmou hoje que os EUA deixaram de poder desempenhar o seu papel histórico de intermediário nas negociações de paz com os palestinianos, depois de Donald Trump reconhecer Jerusalém como capital de Israel.

“Por estas decisões deploráveis, os EUA minam deliberadamente todos os esforços de paz e proclamam que abandonam o papel de patrocinador do processo de paz que têm desempenhado nas últimas décadas”, acrescentou, em declarações na televisão palestiniana.

O anúncio feito por Donald Trump representa uma rotura com décadas de neutralidade da diplomacia norte-americana na questão israelo-palestiniana.

Citado pela Reuters, António Guterres, Líder das Nações Unidas, deixou uma garantia: "farei tudo o que estiver ao meu alcance para apoiar os líderes israelitas e palestinianos no regresso a negociações significativas". A instituição defende que o estatuto de Jerusalém deve ser determinado por via das negociações entre as duas partes do conflito.

O movimento islamita palestino Hamas afirmou esta quarta-feira que a decisão do Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de reconhecer Jerusalém como a capital de Israel abre "os portões do inferno para os interesses americanos na região".

Ismail Radwan, um dos líderes do Hamas, falando a jornalistas na Faixa de Gaza, pediu aos países árabes e muçulmanos que "reduzam os laços económicos e políticos" com as embaixadas dos Estados Unidos e expulsem os embaixadores americanos.

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