“Pode acontecer que não se realize a 12 de junho”, declarou Trump à imprensa, ao receber na Casa Branca o Presidente sul-coreano, Moon Jae-in, referindo “algumas condições”, mas sem fornecer mais pormenores.
Trump acrescentou, contudo, que acredita que Kim fale “a sério” quando garante estar disposto a avançar com a desnuclearização.
O chefe de Estado norte-americano disse ter notado uma diferença de tom da Coreia do Norte após uma segunda reunião na cimeira com o Presidente chinês, e principal aliado de Pyongyang, Xi Jinping.
“Havia uma diferença quando Kim Jong-un deixou a China pela segunda vez, havia uma atitude diferente após este encontro e fiquei um pouco surpreendido”, disse Trump, interrogando-se sobre o papel do seu homólogo chinês.
“As coisas mudaram após esta reunião e não posso dizer que isso me deixe muito satisfeito”, observou.
A três semanas do histórico encontro agendado para Singapura, o inquilino da Casa Branca, que conta com Moon Jae-in para o ajudar a decifrar as intenções exatas do homem forte de Pyongyang, indicou igualmente que um novo encontro entre Moon e Kim poderá não se realizar, depois de os dois dirigentes se terem reunido na fronteira entre as duas Coreias no mês passado, uma ocasião histórica e simbólica.
A atual atmosfera está longe da euforia expressa nas semanas que se seguiram ao anúncio, a 08 de março, de um acordo de base para uma cimeira, durante muito tempo inimaginável, entre o Presidente dos Estados Unidos e o herdeiro da dinastia Kim, que reina na Coreia do Norte há mais de meio-século.
A incerteza quanto à realização da inédita cimeira agendada para 12 de junho instalou-se na semana passada, quando a Coreia do Norte ameaçou cancelar a cimeira entre Kim e Trump se os Estados Unidos tentassem obrigá-la a renunciar unilateralmente ao seu arsenal nuclear, num regresso à sua conflituosa retórica tradicional.
Pyongyang, que cancelou a 16 de maio um encontro de alto nível com a Coreia do Sul para protestar contra exercícios militares anuais em curso entre Seul e Washington, subiu o tom do discurso com declarações do ministro-adjunto dos Negócios Estrangeiros, Kim Kye Gwan.
“Se os Estados Unidos tentarem encostar-nos à parede para nos obrigar a uma renúncia nuclear unilateral, deixaremos de estar interessados em tal diálogo”, afirmou.
Washington exige “a desnuclearização completa, verificável e irreversível” da Coreia do Norte mas, por enquanto, não divulgou as concessões que propõe, além dos compromissos com vista à desnuclearização da “península coreana”, uma fórmula sujeita a várias interpretações.
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