A debandada ocorreu por volta das 3h00 (22h30 de sexta-feira no horário de Lisboa), na estrada para o santuário Mata Vaishno Devi, um dos locais hindus mais reverenciados do norte da Índia.

"As pessoas tropeçavam umas nas outras. Era difícil saber que perna ou braço estava emaranhado com quem", contou uma testemunha que se identificou como Ravinder, ao conversar por telefone com a AFP.

"Ajudei a recolher oito corpos quando a ambulância chegou, cerca de meia hora depois. Sinto-me sortudo por estar vivo, mas ainda tremo quando me lembro do que vi", acrescentou.

Existem milhares de santuários nas cidades e vilarejos da Índia, principalmente hindus, bem como em lugares remotos dos Himalaias ou nas selvas do sul.

Alguns são locais de peregrinação importantes e o governo nacionalista hindu do primeiro-ministro Narendra Modi investiu fortemente para melhorar as infraestruturas de acesso.

Antes da pandemia de covid-19, 100 mil devotos percorriam o caminho íngreme para a caverna estreita que abriga o santuário Vaishno Devi.

O número foi reduzido para 25 mil, mas testemunhas e meios de comunicação indicaram que esse número terá sido ultrapassado várias vezes na tragédia deste sábado. Segundo algumas versões, uma discussão entre dois fiéis ocorreu antes da debandada.

Os esforços de resgate começaram imediatamente e os feridos, alguns deles em estado crítico, foram transferidos para hospitais vizinhos.

Imagens que circulam nas redes sociais mostram pequenas ambulâncias a chegar a hospitais enquanto ainda era noite.

O santuário, que fica aberto 24 horas por dia, está localizado nas colinas de Katra, a cerca de 60 km da cidade de Jammu.

O acesso ao local foi suspenso após a debandada, embora tenha sido reaberto posteriormente.

As pessoas costumam viajar para a cidade vizinha de Katra e caminham 15 km até a entrada da caverna, onde geralmente precisam de esperar horas para entrar. Algumas pessoas vão a cavalo e também existe um serviço de helicóptero.

A testemunha Ravinder disse que a tragédia ocorreu num ponto onde uma multidão que descia do santuário encontrou os que subiam.

Ele calculou que houvesse pelo menos 100 mil pessoas na altura do tumulto. "Não havia ninguém a revistar os documentos de registo dos fiéis. Já lá estive várias vezes, mas nunca vi aquele aglomerado de pessoas", assegurou.

"Foi quando alguns conseguiram levantar um cadáver com as mãos que as pessoas puderam ver (o que estava a acontecer) e abriram espaço para retirar os corpos", disse ele.

"Extremamente triste com a perda de vidas", expressou no Twitter o primeiro-ministro Modi, acrescentando que estava em contacto com as autoridades locais. Por sua vez, o ministro Jitendra Singh, que ocupa várias pastas no executivo, anunciou que iria ao local para avaliar a situação.