“Infelizmente, a política grega de reencaminhamentos forçados [conhecidas como manobras de ‘push-back’] continua, o que viola o Direito Internacional. Muitos migrantes perderam a vida por isso no [mar] Egeu. É uma questão humana. Isso tornou-se uma política de Estado”, denunciou o ministro dos Negócios Estrangeiros da Turquia, Melvut Cavosoglu.
“Nesta questão tanta culpa tem a Grécia como a UE”, denunciou o ministro, durante uma conferência de imprensa conjunta com o seu homólogo finlandês, Pekka Haavisto.
E prosseguiu: “Se fosse a Turquia a fazer isto, já sabemos como seria criticada. Mas a Grécia, pelo contrário, recebe apoio”.
O chefe da diplomacia turca lembrou que é a Turquia que protege as fronteiras da Europa e sublinhou que “defender ações desumanas para proteger as fronteiras vai radicalmente contra os valores europeus”.
O Governo turco denunciou, na semana passada, que 19 migrantes sem documentos morreram de frio depois de terem sido expulsos pela polícia fronteiriça grega quando tentavam entrar neste país a partir da Turquia.
O ministro do Interior turco, Süleyman Soylu, revelou, na altura, ter sido encontrado um grupo de 22 migrantes “sem roupas nem sapatos”, que foi expulso, segundo disse, pelos guardas de fronteira gregos, o que Atenas negou.
“Esta não é a primeira vez que nos confrontamos com este tipo de comportamento por parte da Grécia”, afirmou nesse dia o Presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, denunciando “o silêncio” da UE.
A Turquia acusa regularmente as autoridades gregas de expulsar ilegalmente os migrantes que tentam atravessar para a Grécia, o que este país sempre negou.
Por sua vez, Atenas acusa Ancara de fechar os olhos às tentativas dos migrantes para cruzarem a fronteira, em violação de um acordo firmado com Bruxelas em março de 2016, que previa um esforço real por parte da Turquia para limitar a migração e conter uma vaga sem precedentes de migrantes que tentavam chegar então à Europa.
Na altura, o acordo teve como base a transferência de seis mil milhões de euros para a Turquia.
Em março de 2020, depois de a Turquia ter anunciado a abertura das fronteiras com a Europa à passagem de migrantes, vários milhares de pessoas tentaram atravessar o rio Evros e chegar ao território europeu, mas o exército e a polícia gregos impediram a entrada destas pessoas e obrigaram-nas a recuar para território turco.
A decisão da Turquia de abrir as fronteiras foi encarada então como uma forma de pressionar a Europa, bem como os aliados da NATO.
Atualmente, a Turquia acolhe quase cinco milhões de refugiados no seu território, segundo dados oficiais, incluindo quase quatro milhões de refugiados sírios.
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