O Presidente do país, Recep Tayyip Erdogan, lidera alguns dos atos comemorativos que são celebrados hoje, dia declarado feriado para recordar os acontecimentos de então.
O Partido Justiça e Desenvolvimento (AKP), que está no poder desde 2002, organizou este ano várias cerimónias nas 81 províncias turcas.
Nas cidades de Ancara e Istambul foram inaugurados museus sobre o acontecimento, situados em zonas onde as autoridades bloquearam a violência durante a noite.
Erdogan participará numa sessão especial do Parlamento e vai-se reunir com as forças policiais de Ancara, antes de se deslocar a Istambul, para assistir a um ato no antigo aeroporto de Atatürk.
A estação de televisão TRT preparou um documentário sobre a rede de seguidores do islamista Fethullah Gülen, a quem o Governo atribui a culpa pela tentativa do golpe.
A irmandade apelidada de “Gülenista” colocou, durante várias décadas e com a cumplicidade do Governo do AKP, os seus seguidores em altos cargos da administração pública, da Polícia, do sistema judicial e das Forças Armadas da Turquia.
Gülen, que está agora exilado nos Estados Unidos há anos, foi um aliado fiel do AKP de Erdogan, até que ambos se enfrentaram numa luta dura pelo poder no outono de 2013.
Após a tentativa de golpe, Ancara classificou a sua irmandade como uma “organização terrorista” e lançou uma purga que levou à suspensão dos cargos de cerca de 150.000 funcionários públicos e à detenção de cerca de 130.000 pessoas.
Dos detidos, cerca de 50.000 pessoas permanecem em prisão preventiva e outras 3.500 foram condenadas a penas de prisão, das quais 2.000 são de prisão perpétua.
Até hoje continuam os processos judiciais contra os militares acusados de golpe.
No passado dia 20 de junho, cerca de 151 militares foram condenados a prisão perpétua em um dos micro julgamentos sobre o golpe.
Dentro e fora da Turquia, criticou-se o Governo pela reação dura, que incluiu a imposição do estado de emergência durante dois anos em que os direitos dos detidos, incluindo os dos jornalistas, eram limitados.
Os ativistas dos direitos humanos acusaram o Presidente turco de aproveitar da situação para limitar a liberdade de imprensa e para calar as vozes críticas do Governo.
Foi durante este período que Erdogan conseguiu um “sim” da população, através de um referendo, para aprovar uma reforma constitucional sob a qual um sistema presidencialista foi imposto, substituindo o anterior sistema legislativo.
O resultado do referendo permitiu-lhe concentrar todo o poder executivo nas suas mãos, já que agora á Chefe de Estado e do Governo.
Nos últimos anos houve também uma deterioração clara nas relações entre Ancara e os Estados Unidos, e também com a União Europeia, por diversos motivos.
Um dos motivos para o afastamento é a recusa de alguns países em aceitar os pedidos de extradição de pessoas acusadas pela Turquia em golpes, por estarem ligados à rede Gülen.
Entre eles está incluindo o próprio Gülen, que Washington se recusou, até agora, a entregar à justiça turca.
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