Segundo funcionários locais, a polícia agiu no momento em que o homem foi à casa de banho. "As autoridades disseram-nos que o agressor foi preso, e os reféns, libertados", informou à AFP uma fonte, após reunir-se com um funcionário no local.
O governador da província, Seddar Yavuz, confirmou a prisão do agressor: "Quando ele fez uma pausa para ir à casa de banho, as nossas forças de segurança realizaram uma operação, sem afetar os reféns."
O homem justificou a sua ação como uma denúncia contra as operações militares israelitas na Faixa de Gaza, informou a polícia à AFP. De acordo alguns meios de comunicação locais, as forças especiais negociaram com o sequestrador.
A captura dos reféns ocorreu por volta das 15h locais (12h em Lisboa), segundo a imprensa turca. "Os trabalhadores foram retirados da fábrica da P&G em Gebze; sete funcionários permanecem como reféns", destacou a representação do sindicato Umut-Sen, numa mensagem publicada na rede social X, pouco depois do sequestro.
Um porta-voz da P&G, fabricante de produtos para o lar e de higiene pessoal, declarou que a empresa colaborou "com as autoridades locais para resolver esta situação de segurança urgente".
Um cordão policial foi montado em torno da fábrica, à qual não era possível ter acesso na noite desta quinta-feira, segundo os jornalistas da AFP no local. Perto da empresa, que tem 500 funcionários, a polícia posicionou uma camioneta da tropa de choque.
"Se o faz pela Palestina, que vá lutar para lá. O que a minha filha de 26 anos tem a ver com isso?", disse à AFP Çidgem Aydemir, mãe de uma das trabalhadoras reféns.
Imagens feitas por veículos turcos, cuja autenticidade a AFP não pôde verificar, mostravam um homem com o rosto parcialmente coberto por um lenço palestiniano, com explosivos presos com fita adesiva ao corpo e segurando o que parecia ser uma pequena pistola na mão direita. Na parede atrás dele, debaixo de duas bandeiras — uma turca e outra palestiniana — surgia a inscrição "Por Gaza" em vermelho.
O marido de uma das trabalhadoras reféns disse à agência de notícias privada DHA que o homem ameaçou "atirar em todas as direções" se a polícia interviesse.
O presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, denunciou em várias ocasiões o apoio dos Estados Unidos a Israel, o qual qualificou como um Estado "terrorista" e "genocida" pela sua guerra na Faixa de Gaza contra o movimento islâmico palestiniano Hamas, que governa o território.
O conflito foi desencadeado pelo sangrento ataque dos milicianos do Hamas contra Israel, em 7 de outubro, no qual morreram 1.163 pessoas, a maioria civis, segundo um novo balanço realizado pela AFP com base nos últimos dados oficiais israelitas, divulgados nesta quinta-feira. Os combatentes também sequestraram cerca de 250 pessoas.
Cerca de 100 reféns foram trocados por presos palestinianos durante as tréguas de uma semana no fim de novembro.
Em retaliação ao ataque sem precedentes do Hamas, Israel lançou uma ofensiva que deixou mais de 27.000 mortos na Faixa de Gaza, a maioria mulheres e menores de idade, segundo o Ministério da Saúde do movimento islâmico.
Apelos ao boicote de produtos americanos, como os da Coca-Cola ou do franchise Starbucks, também proliferaram na Turquia desde o início do conflito.
No começo de novembro, a polícia turca precisou de dispersar com bombas de gás lacrimogéneo uma manifestação pró-palestiniana em frente a uma base militar que abrigava forças americanas, horas antes de uma visita a Ancara do chefe da diplomacia americana, Antony Blinken.
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