Num comunicado, o gabinete de comunicação da presidência turca precisou que as ações “serão tomadas contra a referida caricatura”.

Após esta declaração, a procuradoria de Ancara anunciou a abertura de um inquérito contra os dirigentes da Charlie Hebdo.

A revista satírica divulgou na terça-feira à noite nas redes sociais a primeira página do seu último número com uma caricatura do presidente turco.

Sob o título “Erdogan — Em privado ele é muito divertido”, vê-se o presidente turco sentado num sofá, de ‘t-shirt’, roupa interior e bebida de lata na mão, enquanto levanta a saia de uma mulher com véu, que não usa roupa interior, e exclama: “Ai! O profeta”.

A presidência turca condenou hoje “com a maior firmeza” a “caricatura abjeta” que na sua opinião reflete uma “hostilidade contra os turcos e o islão”.

O caso ocorre num contexto de crise diplomática entre a Turquia e a França, dois países membros da NATO.

Na segunda-feira, Erdogan apelou aos seus cidadãos para boicotarem os produtos franceses, dias depois de Paris ter chamado o seu embaixador em Ancara, após o presidente turco ter questionado a “saúde mental” do seu homólogo francês.

A Turquia reprova o apoio que o presidente Emmanuel Macron exprimiu em relação à liberdade de caricaturar o profeta Maomé, numa homenagem a um professor francês decapitado por um extremista islâmico por ter mostrado caricaturas daquele profeta numa aula.

Em 2006, o Charlie Hebdo reproduziu cartoons sobre o profeta Maomé - como outros jornais europeus - para defender a liberdade de imprensa após a publicação desses mesmos desenhos por um diário dinamarquês, que suscitou a cólera de muitos muçulmanos.

Em 2015, o título satírico francês foi alvo de um atentado, que causou 12 mortos, incluindo alguns dos seus principais caricaturistas.