As obras naquilo que era um antigo seminário desocupado e degradado arrancaram em abril de 2023 e deveriam estar concluídas em setembro, mas alguns contratempos associados a problemas estruturais dos edifícios existentes levaram a um adiamento, estando agora previsto que esteja pronto para receber militares feridos na guerra em março, disse à agência Lusa Ângelo Neto, tesoureiro da Ukrainian Refugees UAPT (conhecida por HELP UAPT), entidade responsável pela iniciativa.

Ângelo Neto salienta que, apesar de a HELP UAPT não ter procurado qualquer apoio financeiro por parte do Estado num projeto desenvolvido e apoiado “pela iniciativa privada”, a instituição estava à espera de um apoio institucional por parte do Governo português para facilitar algumas situações burocráticas associadas à vinda de militares ucranianos feridos.

“Tivemos zero acompanhamento ou apoio do Governo. Temos mais de 20 pedidos junto do Governo para conhecerem este projeto”, sem resposta, notou.

Segundo Ângelo Neto, a HELP UAPT gostaria de ter assegurado “um protocolo direto para este projeto, o que pouparia imensa burocracia que tem de ser tratada com o centro de reabilitação de Lviv [na Ucrânia]”, assim como uma autorização para que alguns médicos ucranianos pudessem acompanhar os feridos que irão para o centro em Ourém.

O responsável explicou que a vinda de militares está a ser acordada com o centro de reabilitação de Lviv, “que está completamente cheio”, e diretamente com o Governo ucraniano.

O tesoureiro da associação lamentou ainda o “pouco ou nada” que o Governo português tem feito no apoio aos refugiados ucranianos, considerando que tem sido a iniciativa privada em Portugal a suportar e a apoiar a vinda daqueles que fogem da guerra.

De momento, falta algum trabalho de paisagismo no terreno, a instalação do elevador e de vários dos equipamentos, tendo a expectativa de receber 30 feridos com 30 acompanhantes entre 15 e 20 de março, referiu Ângelo Neto, salientando que “98% da obra está pronta”.

Segundo o membro da associação, a obra contempla uma área total de três mil metros quadrados de edificado, entre edifício principal, anexos e anfiteatro, num investimento de cerca de 900 mil euros, tendo contado com parcerias como a Sonae, a Leroy Merlin e uma organização cristã estrangeira, para além de a mão-de-obra ter sido toda voluntária.

A substituição de toda as instalações e ligações elétricas, a necessidade de licenciamento dos anexos do edifício, substituição de caixilharia e criação de três fossas séticas face à ausência de saneamento na localidade, entre outras intervenções, foram as principais razões que levaram a um adiamento da conclusão do projeto, explicou.