Mário Machado, que já foi no passado condenado a mais de 10 anos de prisão por crimes como ofensas à integridade física, discriminação racial e posse de arma proibida, pediu ao Tribunal Central de Instrução Criminal para “ir para a Ucrânia prestar ajuda humanitária e, se necessário, combater ao lado das tropas ucranianas”, escreve o Diário de Notícias.

"A ausência de condenação por crimes, comprovada através do registo criminal, é um dos critérios chave para a aceitação de candidatos na Legião Internacional de Defesa Territorial das Forças Armadas da Ucrânia. A pessoa que refere não pode ser aceite”, afirma o coronel Sergi Malyk, adido militar da Embaixada da Ucrânia em França, ao jornal.

Malyk garantiu ao DN num telefonema que os ucranianos não querem “indivíduos deste género” no país deles e pediu para que sejam avisados das tentativas de “infiltração de elementos criminosos e não confiáveis na Ucrânia e nas suas Forças Armadas”.

Com um historial de crimes e violência, além de múltiplas associações à extrema-direita, Machado tinha sido detido em flagrante delito na sua casa, a 9 de novembro de 2021, por posse ilegal de arma, e estava sujeito às medidas de coação de termo de identidade e residência e à obrigação de apresentações quinzenais às autoridades.

A decisão da juíza do Tribunal Central de Instrução Criminal, Catarina Vasco Pires, de permitir a saída de Machado gerou críticas de diversos quadrantes da sociedade e o tema chegou até ao Presidente da República, mas o advogado do antigo dirigente neonazi defendeu a correção da decisão da juíza.

Ainda que o pedido do ex-líder do movimento Nova Ordem Social tenha sido tenha sido atendido, o de garantir a concessão de tribunal para levantamento da medida de coação de apresentação quinzenal, que lhe foi aplicada, Mário Machado não conseguiu integrar as tropas ucranianas.

De entre os crimes que o impedem de juntar-se às unidades de defesa ucranianas, o mais conhecido foi o envolvimento na morte do português de origem cabo-verdiana Alcindo Monteiro na noite de 10 de junho de 1995, às mãos de um grupo de ‘skinheads’ a que pertencia. Por esta associação, foi condenado, em 1997, a quatro anos e três meses de prisão.

Mário Machado esteve ligado a diversas organizações de extrema-direita, como o Movimento de Ação Nacional, a Irmandade Ariana e o Portugal Hammerskins, a ramificação portuguesa da Hammerskin Nation, um dos principais grupos neonazis e supremacistas brancos dos Estados Unidos da América. Fundou também os movimentos Frente Nacional e Nova Ordem Social, que liderou de 2014 até 2019.