“O que começou há dois meses como um assunto interno entre uma região autónoma e o governo federal tornou-se uma luta que afeta toda a região”, lamentou o espanhol Josep Borrell, numa publicação no seu blogue institucional.
“A situação no terreno vai muito além de uma operação puramente interna de ‘manutenção da ordem’. Recebemos relatos regulares de violência étnica, homicídio, pilhagem em massa, violação, regresso forçado de refugiados e possíveis crimes de guerra”, afirmou.
Segundo Borrell, “a situação é desesperada para a população local e o conflito é uma dinâmica perturbadora tanto na Etiópia como em toda a região”.
“Enviei uma mensagem clara à liderança etíope: estamos prontos a ajudar, mas se os agentes de ajuda humanitária não tiverem acesso à região, a UE não poderá fornecer o apoio orçamental previsto ao Governo etíope”, explicou.
“Não temos outra escolha senão adiar o pagamento previsto de 88 milhões de euros de apoio orçamental”, insistiu.
Mais de dois milhões de pessoas foram deslocadas internamente. E embora as populações necessitem urgentemente de ajuda, o acesso à região afetada continua a ser limitado, o que torna muito difícil a prestação de ajuda humanitária, salientou o chefe da diplomacia europeia.
“Há pouco mais de um ano, em outubro de 2019, o primeiro-ministro etíope Abiy Ahmed foi galardoado com o Prémio Nobel da Paz”, recordou Josep Borrell.
“Hoje, o mundo precisa que o primeiro-ministro etíope e o seu Governo estejam à altura deste prestigioso reconhecimento – fazendo o que for preciso para pôr fim ao conflito”, concluiu.
O primeiro-ministro etíope enviou o exército federal, em 04 de novembro, contra as autoridades da região de Tigray, que tinham vindo a desafiar a sua autoridade durante vários meses.
Abiy Ahmed anunciou o fim das hostilidades em 28 de novembro com a tomada da capital regional, Mekele, mas as Nações Unidas relataram recentemente “combates localizados e insegurança contínua” em várias áreas da região.
As Nações Unidas também alertaram hoje para a deterioração da situação humanitária na Etiópia, onde centenas de milhares de pessoas continuam sem receber ajuda desde que o conflito em Tigray começou, em novembro, devido a restrições no acesso à região.
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