"Nós não aceitamos que só haja aumentos salariais em 2020. Dez anos sem aumentos salariais é uma barbaridade e, acima de tudo, uma grande injustiça, que leva os trabalhadores da administração pública à indignação. E se tiverem que ir para a greve, nós acompanharemos e estaremos lá", afirmou Carlos Silva, perante cerca de dois mil trabalhadores.

O líder da UGT, que discursava no centro cultural da cidade, durante as comemorações nacionais do 1º de Maio, afirmou que em 2019 o SMN terá de atingir os 600 euros.

"Esperamos que o Governo cumpra o seu compromisso, porque está escrito no seu programa. Em 2019, queremos os 600 euros. E no ano que vem não fazemos por menos, queremos os 580 euros, que é aquilo que está no programa do Governo. A política tem de ser cumprida com verdade e esperamos que o Governo a cumpra e a aplique", reforçou.

Carlos Silva apelou ainda ao Governo para que, até final do mandato, em 2019, proceda "à integração total dos trabalhadores precários nos quadros do Estado".

"Senhor primeiro-ministro, abra as portas ao diálogo social. Não permita que se continuem a castigar os trabalhadores da administração pública. Ficamos satisfeitos pelo facto de o Governo assumir o compromisso de integrar já, ou nos próximos meses, 50 mil trabalhadores precários, mas até ao final do seu mandato, que terminará em 2019, tem de assumir outro compromisso com o país. É o de resolver o problema da integração total dos precários no Estado", reforçou.

“Basta uma palavra do senhor primeiro-ministro, basta uma palavra do Governo, para o movimento sindical, não digo que se contente, mas (…) se mantenha a aguardar com expectativa as decisões do Governo. Não são decisões do Governo para daqui a dois anos, são decisões para ontem, hoje e amanhã, mas um amanhã imediato", adiantou.

Sobre a sustentabilidade da Segurança Social, o secretário-geral da UGT disse "não querer trabalhadores a trabalhar até à morte".

"Venha lá o argumento que vier, para nós, 40 anos de carreira contributiva e 60 anos de idade é mais do que tempo de os homens e mulheres deste país terem direito a uma reforma condigna sem qualquer penalização", defendeu.

Apelou também ao Governo "para não se esquecer de repor a progressividade nos escalões do IRS, afirmando que a carga fiscal é de loucos".

"Os trabalhadores precisam de respirar. Precisam de alívios e o alívio não é na casa de banho é também na sua carteira. Precisam de aliviar os seus rendimentos. Têm uma carga de impostos exagerada. Senhor ministro das Finanças, para 2018, o Orçamento de Estado tem de prever a reintrodução de mais escalões no IRS para haver mais justiça fiscal, mais equidade e mais igualdade no nosso país", acrescentou.

Carlos Silva "aplaudiu" a decisão do Governo de decretar tolerância de ponto para a função pública do dia da chegada do papa Francisco a Portugal, a 12 de maio, mas não defendeu a mesma medida para os trabalhadores do setor privado.

"Cabe aos patrões deste país, com responsabilidade social (…) acompanharem o Governo numa medida positiva, de grande alcance para Portugal. Temos liberdade religiosa. Pois que cada um cumpra a liberdade à maneira da sua crença", defendeu.

Nas comemorações do 1.º de Maio, em Viana do Castelo, com o lema "Crescimento, Emprego, Mais Justiça Social", Carlos Silva homenageou ainda Mário Soares, classificando-o de "príncipe da democracia portuguesa”, sublinhando a sua “tolerância e contributo para a democracia e liberdade”.

[Notícia atualizada às 18:21]