PS

"Em democracia cabem todos, todas as opiniões, todos os estratos sociais, os mais e os menos evoluídos. Todos fazemos parte do mesmo Portugal, da mesma História e todos devemos respeitar-nos em democracia", disse Ana Catarina Mendes, líder parlamentar do PS, numa alusão ao discurso proferido momentos antes pelo chefe de Estado.

Ana Catarina Mendes salientou também a importância da intervenção inicial da sessão solene, que esteve a cargo do presidente da Assembleia da República, Ferro Rodrigues, dizendo que a democracia, "com as suas divergências e diferenças de opinião, exprime-se em particular no parlamento com os vários partidos, dos mais democráticos aos menos democráticos".

"Todos com a legitimação do povo português. Mas isso também nos confronta com a democracia ser um projeto inacabado e de precisar de ser sempre regada. Trata-se da responsabilidade de todos os dias os políticos aprofundarem a democracia e de serem respeitadores do legado dos capitães de Abril", disse, aqui numa alusão ao teor do discurso de Ferro Rodrigues.

PSD

Questionado se esperava ter ouvido do Presidente da República um discurso mais centrado nos problemas concretos o país, Rio considerou que Marcelo Rebelo de Sousa fez “uma excelente intervenção”, das melhores que ouviu nas sessões do 25 de Abril.

“Foi pedagógico e foi didático e procurou mostrar-nos como se chega até aqui”, afirmou.

Rio insistiu que todos os partidos têm de “estar disponíveis para fazer as reformas de que o país precisa” e que até se sente “um bocado sozinho”.

PCP

Minutos depois do discurso, Jerónimo de Sousa comentou as palavras de Marcelo Rebelo de Sousa e chamou a atenção para “a valorização que o Presidente da República fez dos capitães de Abril, do Movimento das Forças Armadas (MFA)”.

Um discurso que, sublinhou, “encaixa bem na intervenção preocupada do presidente da Assembleia da República em relação à democracia, à liberdade, à crescente pressão daqueles que não amam nem amaram o 25 de Abril, que procuram descaracterizar os valores democráticos a pensar num regresso ao passado que o povo português nunca permitirá”.

Depois, frisou a intervenção da deputada Alma Rivera que subiu à tribuna para “dizer como se defendem os valores, particularmente em relação à juventude, aos jovens”.

O líder dos comunistas referiu-se ainda à parte do discurso de Marcelo de reflexão histórica, do tempo da guerra colonial e do colonialismo à “Revolução dos Cravos” e à democracia.

“Há uma parte significativa do discurso de conteúdo histórico… Esta tese, que poderíamos até acompanhar, de que um povo nunca é livre quando oprime outros povos”, afirmou ainda.

BE

O Bloco de Esquerda evocou hoje o discurso do Presidente da República em defesa de uma História de Portugal também dos oprimidos e considerou urgente um consenso para mudanças no combate à corrupção e aos paraísos fiscais.

"Salientamos como importante que o Presidente da República afirme claramente que a História de Portugal não pode ser vista como um desfile de heróis, mas pensada tendo em conta as vítimas. É importante a ideia de que quem foi oprimido, de que quem foi vítima tem de ser ouvido e tem de ter lugar na História - uma História que não pode ser escrita apenas por quem em determinado momento venceu", sustentou Catarina Martins, a coordenadora dos bloquistas.

Catarina Martins classificou como significativo este momento da sessão solene do 25 de Abril na Assembleia da República.

"A História não é um consenso nacional sobre heróis, é contraditória e tem de dar voz e visibilidade aos que foram oprimidos, aos que sofrem e continuam a sofrer e a ser alvo de discriminação. Temos de olhar para a nossa História com todas as dimensões", acentuou.

Perante os jornalistas, a coordenadora do Bloco de Esquerda destacou ainda o discurso do presidente da Assembleia da República, Ferro Rodrigues, sobre combate à corrupção.

"O combate à corrupção não pode ser uma mera proclamação contra a corrupção, mas tem de ser feito com base em mecanismos efetivos. Isso passará seguramente pelo enriquecimento injustificado de altos titulares de cargos públicos e pelo combate aos paraísos fiscais e ao planeamento fiscal e aos mecanismos vários por onde se esconde o dinheiro da corrupção e do crime económico", declarou Catarina Martins.

Neste ponto, a coordenadora do Bloco de Esquerda defendeu a importância de "existirem consensos que possibilitem avanços fortes".

"O 25 de Abril não é simplesmente liberdade formal. A revolução de 25 de Abril é feita de conteúdos. É a liberdade solidária que construiu o Serviço Nacional de Saúde, a escola pública e a Segurança Social para todos. Só com a ideia de Estado social associada à liberdade poderemos ultrapassar esta crise", acrescentou.

CDS-PP

Em declarações aos jornalistas no final da sessão solene do 25 de Abril, no parlamento, Francisco Rodrigues do Santos considerou que o discurso do Presidente da República tocou em “pontos muito importantes, como a necessidade de combater a corrupção”.

“A corrupção não se combate com os mesmos de sempre nem com os radicais populistas à esquerda e à direita”, avisou o líder do CDS-PP.

Para o líder do CDS-PP, “o 25 de Abril tem autores, mas não tem proprietários” e considerou que uma das formas de lutar contra a corrupção passa por tornar a economia mais livre e menos dependente do Estado.

Rodrigues dos Santos elogiou ainda as referências de Marcelo Rebelo de Sousa ao respeito pela cultura de Portugal, “sem complexos nem revisionismos históricos”.

“Não podemos revisitar a história com óculos do passado e foi importante, neste dia, sabermos homenagearmos os nossos ex-combatentes”, acrescentou.

PEV

Em declarações aos jornalistas, o deputado do Partido Ecologista “Os Verdes” (PEV) José Luís Ferreira assinalou que foi “um discurso muito virado para o passado, quase uma revisitação histórica do 25 de Abril” que Marcelo Rebelo de Sousa deixou de fora os temas mais atuais.

“Nem uma palavra”, assinalou, “sobre os apoios sociais”, sobre as dificuldades das famílias, que estão a ser penalizadas “com esta pandemia” e que “têm feito um esforço muito grande para que o seu orçamento familiar estique até ao fim do mês”.

O deputado dos Verdes sublinhou igualmente que os problemas na saúde ou na justiça, “um elemento fundamental da democracia, do Estado democrático, que se exige célere, eficiente e de acesso a todos os portugueses” não tiveram qualquer referência da parte do Chefe do Estado.

IL

"Nesta sessão solene do 25 de Abril acho que ficou claro que há uns que se agarram ao passado e outros que gostam de olhar para o futuro. Há quem tenha uma noção de que Portugal precisa de ser mais ambicioso, mais exigente, ter mais energia, conseguir encarar o futuro com confiança e outros que se resignam, se conformam", afirmou João Cotrim Figueiredo.

Quanto à intervenção de Marcelo Rebelo de Sousa, o liberal destacou que, "embora revisitando o passado, o faz numa perspetiva de tentar interpretar aquilo que se está a passar e o que pode vir a passar".

João Cotrim Figueiredo destacou também que o discurso "foi extraordinariamente bem escrito e muito bem lido" e afirmou que "deve ser revisto pela comunicação social e dada a devida atenção, tem muitas mensagens importantes".

Chega

O deputado único e presidente do Chega, André Ventura, considerou “particularmente importante” que Marcelo Rebelo de Sousa, no seu discurso, tenha pedido que “se faça uma espécie de consenso histórico e não um revisionismo histórico sobretudo sobre o império colonial”.

“Foi uma mensagem que notei de diferente em relação ao ano passado e que o Presidente da República percebe um pouco o conflito que estamos a viver entre aqueles que acham que a nossa história deve ser simplesmente apelidada de triste, de exploradora e de trágica e os outros que acham que foi tudo bem feito”, enfatizou, enaltecendo ainda que Marcelo Rebelo de Sousa tenha apelado “a uma espécie de consenso geracional” sobre a revolução de 1974.

No entanto, para André Ventura, “continuou a faltar o apontar ao dedo” do chefe de Estado aquilo em que Portugal tem falhado “sobretudo no combate da pandemia, aos apoios, às famílias, às empresas, ao setor da cultura”.

“Continuou a falhar apontar o dedo aquilo em que temos fracassado. Essa foi a falha na nossa perspetiva do Presidente da República quando veio falar sobre o 25 de Abril”, criticou.

Para o deputado do Chega, “se o 25 de Abril é motor de desenvolvimento, de prosperidade”, hoje era o dia para Marcelo Rebelo de Sousa “confrontar o Governo, o parlamento, Portugal com as tantas falhas” que tem tido na falta de apoio às pessoas.

“Este discurso, tendo tocado em pontos importantes, continua a falhar naquilo que é o essencial da mensagem que hoje deveria ser passada que é: sim senhor, houve o 25 de Abril, houve esperança e houve liberdade, mas agora é o momento de começarmos a pensar em apoiar verdadeiramente os portugueses porque não há liberdade sem desenvolvimento e sem prosperidade e essa foi a mensagem que falhou do Presidente da República”, sintetizou.