“Um jovem de 23 anos morreu há pouco (…) e fomos informados que 11 pessoas ficaram feridas”, disse à televisão 100% Notícias o secretário da ONG Comissão permanente dos direitos humanos (CPDH), Marco Carmona.
Homens armados dispararam sobre um grupo de manifestantes na zona sudoeste da capital, Manágua, ocupada por um grupo paramilitar, disse à agência noticiosa France Presse uma responsável da ONG Centro nicaraguense dos direitos humanos (Cenidh), Vilma Nunez.
De acordo com um balanço anterior, seis pessoas ficaram feridas neste incidente.
Milhares de pessoas manifestaram-se na Nicarágua para exigir a demissão do Presidente Daniel Ortega e pedir justiça, na sequência da morte de 20 menores entre as 220 vítimas da repressão à vaga de contestação.
Manifestações decorreram também em Leon (norte) e em Masaya (sul), convocadas pela Aliança cidadão para a justiça e a democracia, que integra estudantes, empresários e representantes da sociedade civil.
A “marcha das flores” é a primeira manifestação de massas desde 30 de maio, quando as forças de segurança mataram 18 pessoas que participavam num protesto, em solidariedade com os pais das crianças e adolescentes mortos nos protestos, e que terminou com violência e um balanço de 18 vítimas.
A Nicarágua é palco desde 18 de abril de uma vaga de protestos sem precedentes nas últimas décadas, com os manifestantes a exigirem a demissão do Presidente Daniel Ortega, de 72 anos, e da mulher e vice-Presidente Rosario Murillo.
O país está mergulhado numa espiral de violência, com um aumento dos confrontos nas ruas entre milícias paramilitares e opositotrs do regime de Ortega.
Este antigo guerrilheiro de esquerda, que em 1979 derrubou a ditatura de Anastasio Somoza, dirige a Nicarágua desde 2007, após uma primeira passagem pelo poder entre 1979 e 1990.
O diálogo entre o Governo e a Aliança cidadã para a justiça e a democracia, com a mediação da Igreja católica, foi retomado na segunda-feira, mas continua bloqueado. Ortega, cujo terceiro mandato consecutivo termina em janeiro de 2022, recusou antecipar para 2019 as eleições presidenciais de 2021.
As autoridades denunciaram as manifestações e a exigência da demissão de Ortega como uma “tentativa de golpe de Estado” apoiada pelos Estados Unidos.
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