"Eu penso que estamos a viver um bom período para a justiça portuguesa. E o Presidente da República fica muito feliz com isso". As palavras são de Marcelo Rebelo de Sousa, o motivo para a declaração a apresentação da acusação no caso BES. “É uma boa notícia", diz.
O Ministério Público acusou na terça-feira 18 pessoas e sete empresas de vários crimes económico-financeiros no processo sobre o Banco Espírito Santo e o Grupo Espírito Santo (GES), em que a figura central é o ex-banqueiro Ricardo Salgado que foi acusado de 65 crimes, incluindo associação criminosa, corrupção ativa no setor privado, burla qualificada, branqueamento de capitais e fraude fiscal.
Em causa nesta investigação do Departamento Central de Investigação e Ação Penal (DCIAP) "está um valor superior a onze mil e oitocentos milhões de euros", em consequência dos crimes imputados, e prejuízos causados. Além de Ricardo Salgado são também arguidos neste processo, entre outros, Amílcar Morais Pires e Isabel Almeida, antigos administradores do BES.
O inquérito do processo principal "Universo Espírito Santo" teve origem numa notícia de 03 de agosto de 2014 sobre a medida de resolução do BES e analisou um conjunto de alegadas perdas sofridas por clientes das unidades bancárias Espírito Santo.
Foram seis anos até que a acusação fosse apresentada e sobre a demora, Marcelo é perentório: "Mais vale tarde do que nunca. E isso aplica-se ao caso BES e ao seu desejado julgamento, ao caso Marquês e àquilo que se espera seja a decisão anterior a um eventual julgamento, já aconteceu com o caso de Tancos. E deve acontecer com todos os casos, e não apenas estes, que são os mais falados e, naturalmente, são aqueles que sensibilizam mais os portugueses".
Falar de justiça em Portugal não é fácil. O tema é delicado e tem sido falado num tom menos polido por André Ventura, candidato presidencial pelo Chega às próximas eleições e por isso, muito provavelmente, adversário de Marcelo Rebelo de Sousa, que ainda não anunciou se é ou não recandidato, e Ana Gomes que também poderá vir a ser candidata.
‘Deitar foguetes antes da festa’ é uma manobra arriscada por parte do Presidente da República uma vez que nem Tancos, nem a Operação Marquês, nem o caso BES estão perto de ter uma decisão final.
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