Em declarações às televisões, minutos depois de ser conhecida a notícia do falecimento da artista plástica Paula Rego, o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, lamentou a morte de "uma artista plástica muito completa".

O Presidente da República recordou que esteve com o filho da artista "muito recentemente, na inauguração da exposição em Londres, depois em Haia e depois em Málaga, exposição essa que segue para Hannover e que era uma homenagem [à artista] numa altura em que se sabia que Paula Rego esta já bastante doente".

Marcelo recorda uma "artista plástica muito completa, com a maior projeção no mundo desde que nos deixou Vieira da Silva". "Há longas décadas que Paula Rego não é só muito importante em Portugal ou na Inglaterra, onde vivia, mas em todo o mundo. É uma perda nacional".

O Presidente da República adiantou que irá falar com o primeiro-ministro António Costa "para ponderar como assinalar em termos de luto nacional esta perda, porque [Paula Rego] tem uma projeção que é muito longa, rica e prestigiante para Portugal".

Numa última nota, o Presidente recordou "que o Presidente Jorge Sampaio tomou a iniciativa única de a convidar para fazer uma coleção de representações para a capela do Palácio de Belem que foram à época revolucionaria. Via Maria, mãe de Cristo, no papel da mulher. É um caso único,  na propria sede a Presidência da República ter uma artista contemporânea com uma coleção notável de retratos".

Por fim, Marcelo Rebelo de Sousa transmitiu à família da artista "os sentimentos de todo o povo português".

A pintora Paula Rego, uma das mais aclamadas e premiadas artistas portuguesas a nível internacional, morreu na manhã de hoje em Londres, aos 87 anos, disse à agência Lusa fonte próxima da família.

De acordo com o galerista Rui Brito, a artista "morreu calmamente em casa, junto dos filhos".

Paula Rego estudou nos anos 1960 na Slade School of Art, em Londres, onde se radicou definitivamente a partir da década de 1970, mas com visitas regulares a Portugal, onde, em 2009, foi inaugurado um museu que acolhe parte da sua obra, a Casa das Histórias, em Cascais.

Nascida a 26 de janeiro de 1935, em Lisboa, foi galardoada, entre outros, com o Prémio Turner em 1989, e o Grande Prémio Amadeo de Souza-Cardoso em 2013, além de ter sido distinguida com a Grã-Cruz da Ordem Militar de Sant'Iago da Espada em 2004. Em 2010, recebeu da Rainha Isabel II a Ordem do Império Britânico com o grau de Oficial, pela sua contribuição para as artes.

Em 2019, recebeu a Medalha de Mérito Cultural do Governo de Portugal.