“Existe o preconceito da falta de talento, ou que a arte contemporânea africana são apenas pinturas em cubatas, mas não, na exposição são apresentados diversos estilos como Street Art, Pop Art, Cubismo, mas também fotografia”, indicou o curador e cofundador da Afrikanizm Art Platform.
A exposição, composta por 60 obras de arte de nove artistas angolanos, a ocorrer a partir de hoje e até 02 de junho, na Quinta da Fidalga, no Seixal, no distrito de Setúbal, denominada de ‘Afro-Renaissance’, é sobre a “revitalização e celebração da herança cultural africana, promovendo a consciência e a valorização da história, identidade e contribuições dos povos africanos e afrodescendentes para a sociedade global”, explicou João Boavida.
Esta plataforma, que surgiu inicialmente online, em agosto de 2021, nasceu do sonho de João Boavida e da sua mulher, Laura Leal, ambos luso-angolanos apaixonados por arte, ”com uma vontade de criar impacto em Angola”.
“Sempre quisemos contar uma história de sucesso que saísse do espetro normal da corrupção, pobreza, quando existe tanta beleza e talento no nosso caos também”, declarou João Boavida.
É dessa forma que surgiu o projeto, que atualmente conta com mais de 100 artistas africanos e cerca de 16 países representados, indicou.
João trabalhava na indústria das bebidas e tabaco e fez vários projetos de ‘branding’ (marcas) com artistas, à medida que também apoiou eventos culturais, galerias, e foi-se aproximando muito da comunidade artística, explicou.
“Estava constantemente a receber telefonemas destes artistas, desesperados para poderem pagar as suas despesas médicas, que são extremamente caras, ou muitas vezes só para comprar os medicamentos para a malária ou para comprar tintas, e isso colocava-os numa posição extremamente vulnerável”, lamentou.
Nas suas palavras, existe um talento incrível em Angola, mas muitas vezes não lhe é dada oportunidade, principalmente “quando a maior parte das pessoas está só focada em pôr um prato de comida na mesa”.
“A arte, que já é um parente pobre mesmo em economias ocidentais, acaba por ser, em África, o parente ainda mais pobre e mais esquecido, nomeadamente porque não existe segurança social, nem apoios, ou seja, os espaços para exposições são extremamente reduzidos, portanto, na realidade, para perseguir esta paixão é preciso resiliência”, refletiu.
Foi assim que surgiu a vontade de ajudar os artistas, explicou.
Inicialmente, exportavam arte, através da plataforma ‘online’, para os Estados Unidos da América, Portugal e França, referiu.
Depois, ao perceberem que estavam a impactar a vida dos artistas, seguiram-se exposições em Angola e, agora, surgiu a oportunidade em Portugal, contextualizou.
As peças serão vendidas e o valor reverterá para os artistas e a plataforma, declarou.
A Afrikanizm foi a primeira ’startup’ angolana com impacto social, dedicada à promoção e venda ‘online’ de arte contemporânea africana que procura responder a uma multiplicidade de necessidades no seio da comunidade artística, desde a promoção dos artistas africanos e do seu trabalho até ao acesso dos amantes da arte à arte africana autêntica e original, segundo um comunicado de imprensa da entidade.
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