
O projeto “Paraíso. Hoje”, que representa oficialmente Portugal na Bienal de Veneza, instalado no edifício Fondaco Marcello, terá uma visita de imprensa pré-inaugural hoje de manhã, pelas 09:30 (10:30 em Lisboa), segundo o programa, que inclui ainda duas conversas/mesas-redondas abertas ao público.
Na sexta-feira, pelas 09:30 (10:30 em Lisboa), está prevista uma conferência/debate em português, promovida pelo Ministério da Cultura, sobre “Desafios e dilemas das representações nacionais em Veneza”, com a participação de Ana Jara, Ana Vaz Milheiro, Diogo Passarinho, Luís Santiago Baptista, Paula Melâneo, e com moderação de Joaquim Moreno.
No sábado – dia da inauguração ao público da Bienal de Veneza de Arquitetura e do anúncio do palmarés — está previsto um debate em inglês a partir das 09:30 sob o título “Paradise, today?”, com a participação Catarina Raposo, Giovanna Borasi, Manon Mollard, Nuno da Luz, e moderação de Julia Albani.
Um Atlas com 700 imagens do território e uma instalação digital sensível aos movimentos dos visitantes compõem “Paraíso. Hoje”, projeto da autoria dos arquitetos Paula Melâneo, Pedro Bandeira e Luca Martinucci, e dos curadores-adjuntos Catarina Raposo e Nuno Cera, que ficará patente na bienal até 23 de novembro, sob o tema geral “Intelligens. Natural. Artificial. Collective”.
Em abril, numa apresentação do conteúdo do projeto, no Palácio Nacional da Ajuda, em Lisboa, o curador Pedro Bandeira, em declarações à agência Lusa, sublinhou que a exposição do projeto, em Veneza, “vai proporcionar uma experiência única aos visitantes” da bienal de arquitetura, cujo tema é do curador-geral, Carlo Ratti.
Ratti criou o conceito para a edição deste ano do evento internacional dedicado à arquitetura, a pensar nas alterações climáticas e no seu impacto na vida das populações, argumentando que existe uma “necessidade urgente” de se passar da fase de mitigação para a de adaptação às alterações climáticas e crescente população mundial, através soluções multidisciplinares e inclusivas.
Em resposta, os curadores do projeto da representação oficial portuguesa — escolhidos no âmbito de um concurso aberto a todos os interessados — criaram “Paraíso. Hoje”, que pretende chamar a atenção para o potencial regenerativo da natureza e a mobilização da inteligência coletiva para encontrar soluções positivas.
No edifício da representação portuguesa, o projeto vai apresentar-se em dois eixos principais: o Atlas com as 700 imagens analógicas, que será transformado em livro, e uma instalação digital também composta por imagens que funcionam “como um jogo de espelhos e reagem aos movimentos dos visitantes, num simulacro do que pode ser o Paraíso, em constante mudança”, indicaram os curadores.
“A instalação também parte de paisagens portuguesas de mar, campo e floresta, em constante transformação, num contínuo de ação e reação”, descreveram, sobre um projeto que “embora fale do Paraíso, não ignora os problemas da desregulação urbanística ou do interior do país negligenciado”.
O projeto — que definem essencialmente como “uma metáfora” — “faz uma análise crítica do território português contemporâneo e da própria arquitetura”, apontaram.
“A nossa arquitetura pode ter contributos mais harmoniosos no território e pode ser um acesso ao Paraíso”, afirmou Paula Melâneo na apresentação, enquanto o arquiteto Pedro Bandeira lembrou que esta disciplina “reflete as suas próprias contradições” no que diz respeito, nomeadamente, à poluição provocada pela indústria extrativa, a produção de materiais e na própria construção.
Perante as guerras em curso, as alterações climáticas e os problemas sociais, nomeadamente da habitação, os curadores pretendem “valorizar o que existe de bom e o compromisso de construir um mundo melhor”.
Para reflexão na bienal, vão lançar uma conclusão em forma de pergunta dirigida à área disciplinar: “Se a natureza é o Paraíso, para que serve a arquitetura?”.
No âmbito do processo de criação do projeto, os curadores lançaram um apelo nacional para o envio de propostas sobre o tema e receberam mais de 100 contributos, 36 deles selecionados para publicação no livro.
Para a recolha de imagens contribuíram também cerca de 30 fotógrafos, alguns por convite, incluindo, além do curador-adjunto Nuno Cera, também Paulo Catrica, Francisco Ascensão, Tiago Casanova ou Duarte Belo, que tem vindo a retratar o território português nos últimos 40 anos.
Globalmente, o certame mundial dedicado à arquitetura reunirá mais de 750 participantes, 280 projetos, muitos deles com participações multigeracionais e interdisciplinares.
Entre os projetos está “Terra Preta”, do Brasil, com um grupo que reúne Nixiwaka Yawanawa, André Corrêa do Lago, Marcelo Rosenbaum, Fernando Serapião e Guilherme Wisnik, abordando a cooperação entre o conhecimento indígena e a investigação científica para criar soluções de habitação sustentáveis na Amazónia.
No programa fora de competição Bienal College Architettura 2024-2025, lançado no ano passado, e dirigido a estudantes e criadores emergentes com menos de 30 anos, foram selecionados oito projetos, entre eles um de Portugal, liderado por Rita Espinha Abreu Morais que, tal como os outros sete selecionados, recebeu uma bolsa de 20 mil euros para a realização do trabalho final.
Depois de ser apresentado em Veneza, o projeto “Paraíso. Hoje”, deverá também ser exibido em Portugal, nomeadamente em Lisboa, na Garagem Sul do Centro Cultural de Belém, e em Matosinhos, na Casa da Arquitetura, em datas ainda anunciar pela organização.
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