“Os anos 2000 são a era de ouro dos partidos populistas, por muitas razões. Houve algumas crises que surgiram e geralmente em crise, este tipo de partidos populistas, que são contra o ‘status quo’, que dizem que a política está destruída porque tudo está a desmoronar-se, claro que eles têm muito mais poder nas suas narrativas”, comentou à Lusa a analista política finlandesa Theodora Helimäki, investigadora doutorada em ciência política geral na Universidade de Helsínquia.
Para a analista, “é algo compreensível que estes partidos estejam agora a ganhar poder em tantos países”.
“Há muitos países europeus que assistem a este aumento do populismo e do euroceticismo”, referiu a analista, considerando que “é claro que há uma hipótese de que este grupo eurocético se torne maior” no Parlamento Europeu, durante as eleições marcadas para junho.
Sobre o caso da Finlândia, onde os eurocéticos do Partido dos Finlandeses integram a coligação no poder, na sequência de eleições legislativas em abril passado, Theodora Helimäki não antecipa uma grande subida na votação desta força nacionalista.
“Estamos habituados ao facto de que sempre que os partidos estão no governo, perdem popularidade. Temos uma rotação muito circular de partidos, que ora estão no poder ora estão na oposição”, comentou.
Além disso, tradicionalmente os eleitores participam menos em eleições europeias e “os apoiantes do Partido dos Finlandeses nem sempre comparecem para votar”.
Segundo a investigadora, este partido que defende a saída da Finlândia, a longo prazo, da União Europeia, comprometeu-se durante as negociações para a formação do executivo a não levantar esse tema na campanha das europeias — o tema ficou de fora do programa do Governo, liderado por Petteri Orpo (Partido da Coligação Nacional, conservador).
“Pode ser que eles não tenham tanto apoio e não alcancem assim tantos deputados nas eleições parlamentares europeias”, considerou.
Para a especialista, defender uma saída da União Europeia (‘Fixit’), principalmente depois das consequências do ‘Brexit’ para o Reino Unido e da união do bloco europeu na questão da Ucrânia, não seria popular neste momento.
“Tornou-se um pouco mais desafiador para os partidos eurocéticos dizerem ‘precisamos de sair'”, sustentou.
Também a especialista em Ciência Política finlandesa Emilia Palonen disse duvidar de uma grande ascensão de partidos populistas e nacionalistas nas próximas eleições europeias, argumentando que os seus apoiantes são mais relutantes em votar.
“Anteriormente, em 2019, esperava-se que estes partidos de extrema-direita conseguissem uma maioria no Parlamento Europeu. No entanto, estes partidos estão relutantes em se envolver e os apoiantes estão relutantes em votar”, comentou à Lusa a investigadora da Faculdade de Ciências Sociais da Universidade de Helsínquia.
Portanto, continuou, “isto significa que, se estiverem relutantes em votar, não seriam votantes suficientes nesse lado”.
“Continuamos a sobrestimar a maneira como a extrema-direita, a direita eurocética, conseguiria levar os votantes às urnas”, defendeu.
Sobre o executivo finlandês, Emilia Palonen argumenta que “obviamente que não é um governo eurocético. Não há nenhum plano de ‘Fixit’. De qualquer forma, é uma ideia muito má, como podemos ver pelo ‘Brexit'”, referiu.
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