“O que temos aqui é uma possibilidade de construção de uma plataforma multilateral que nos permita agregar disponibilidades e interesses de universidades”, explicou à Lusa o reitor da Universidade do Minho à margem da 1.ª edição do Fórum dos Reitores das Instituições do Ensino Superior da China e dos Países da Língua Portuguesa.
“Esta plataforma deveria apostar essencialmente no desenho de iniciativas conjuntas na área da investigação científica em áreas consideradas relevantes”, tal como “a mobilidade de investigadores”, exemplificou Rui Vieira de Castro.
“A expectativa que tenho aqui é que consigamos dar um salto próprio com alguma autonomia centrado na rede de relações que se constituem em torno das universidades de língua portuguesa e chinesas”, concluiu, defendendo que “a internacionalização é essencial para a Universidade do Minho”.
Para o reitor da Universidade Mandume Ya Ndemufayo, de Angola, um dos pontos essenciais prende-se precisamente com a mobilidade, tanto de estudantes, como de professores.
“Essa interação é extremamente importante para que esta iniciativa tenha uma maior consistência”, afirmou Orlando Mata, que salientou também a necessidade “de se apostar seriamente na transferência de tecnologia e na formação de quadros para que possam dar resposta a esses grandes desafios”.
Afinal, Angola não pode “só comprar produtos, tem que produzir”, tem que “construir fábricas” ligadas “à alta tecnologia e formar quadros para dar resposta a essa transferência de tecnologia”, argumentou aquele que é também presidente da Associação das Universidades de Língua Portuguesa, em declarações à agência Lusa.
O reitor defendeu ainda “a mobilidade estudantil” e a cooperação na educação que responda às exigências atuais e futuras no turismo e na agricultura, com destaque para “a investigação científica na área das ciências agrárias”.
Já o reitor da Universidade Pedagógica do Brasil disse à Lusa que são três os dossiês que interessam a Moçambique, às restantes entidades lusófonas e chinesas neste evento, que decorre hoje e sábado em Macau: mobilidade, transferência de tecnologia e alterações climáticas.
“Até agora temos enviado moçambicanos para diferentes universidades chinesas, mas não temos recebido números consistentes de estudantes chineses”, notou Jorge Ferrão, defendendo que “é importante aprimorar este intercâmbio” e que, “mais importante”, essa mobilidade seja realizada com os professores.
“O segundo desafio é a transferência de tecnologia” e o terceiro passa por “trabalhar muito na área das alterações climáticas” com a China.
“Todos os anos são destruídas duas a três dezenas de escolas porque elas não são resilientes e não são adaptadas para [enfrentar] grandes ventos, temporais e chuvas”, disse. “A nossa postura não pode ser a de continuar a perder escolas”, sendo possível “estruturar com a China programas de trabalho conjunto”, destacou.
Naquela que foi a primeira sessão do fórum, a reitora da Universidade Federal de Minas Gerais do Brasil sublinhou a importância de somar “a herança lusófona” que une as entidades lusófonas o facto de Macau tornar possível a “ampliação de contactos com a China”.
“A China é o nosso principal parceiro económico e precisamos de estender essa realidade à educação”, afirmou Sandra Almeida, defendendo “redes de colaboração científica” e a criação de programas de “mobilidade de estudantes e professores”.
A 1.ª edição do Fórum dos Reitores das Instituições do Ensino Superior da China e dos Países da Língua Portuguesa é organizado pelo Gabinete de Apoio ao Ensino Superior de Macau, a Universidade de Macau e a Universidade de São José.
A iniciativa termina no sábado, num dia em que o programa prevê a discussão de temas como “Indústrias criativas e Tolerância Cultural; Harmonia sem Uniformidade — Diálogo Cultural e Resolução de Conflitos”.
A última sessão agendada é a “Cimeira de Reitores” para se debater o intercâmbio de estudantes, docentes e investigadores das instituições do ensino superior de Macau, China continental e Hong Kong com países lusófonos, assim como a cooperação na área da investigação científica.
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