
Em comunicado, o presidente da Câmara do Seixal, Paulo Silva diz que este encerramento obriga as mulheres e grávidas a ter de fazer dezenas de quilómetros para serem atendidas, dando como exemplo o caso de uma grávida que, na madrugada de domingo, teve o bebé numa ambulância dos bombeiros do Seixal antes de chegar ao hospital em Lisboa para onde tinha sido encaminhada.
"Como ficou visível, este encerramento colocou em causa a saúde da população do concelho do Seixal e teve repercussões, que só não foram mais graves devido à competência e profissionalismo dos bombeiros da Associação Humanitário de Bombeiros Mistos do Concelho do Seixal", refere a autarquia em comunicado.
Em declarações à agência Lusa, o presidente da Associação Humanitária de Bombeiros Mistos do Concelho do Seixal explicou que foram acionados pelo Centro de Orientação de Doentes Urgentes (CODU) para uma situação de uma grávida de 37 semanas "com contrações significativas" tendo sido solicitado o seu transporte para o Hospital de S. Francisco Xavier uma vez que as urgências do Garcia de Orta, em Almada, estavam encerradas.
Brázio Romeira adiantou que foi também acionada a Viatura Médica de Emergência e Reanimação (VMER) e durante o caminho acabou por ter de ser feito o parto na ambulância.
"É difícil de compreender estas situações que estão a acontecer constantemente devido aos constrangimentos nas urgências dos hospitais e, no caso do Garcia de Orta, com graves consequências para a população do nosso concelho", disse o presidente dos Bombeiros do Seixal.
Oito urgências estiveram fechadas no sábado e dez no domingo, a maioria de obstetrícia e ginecologia na região de Lisboa e Vale do Tejo.
Segundo o portal do Serviço Nacional de Saúde (SNS), no sábado o número de urgências fechadas eram oito, seis das quais de obstetrícia e ginecologia, em Almada, Barreiro, Castelo Branco, Vila Franca de Xira, Aveiro e Leiria e no domingo dez.
Os constrangimentos dos serviços de urgência devem-se, sobretudo, à falta de médicos especialistas para assegurarem as escalas, uma situação que é mais frequente em períodos de férias, como o verão e final de ano, e fins de semana prolongados.
Em comunicado o presidente da Câmara Municipal do Seixal repudiou especialmente o encerramento do serviço de urgência no Hospital Garcia de Orta, aquele que serve também a população do concelho do Seixal.
"A Câmara Municipal do Seixal tem alertado desde há vários anos para a degradação e a sobrelotação do hospital de Almada, que foi construído para dar resposta a uma população de cerca de 200 mil habitantes e está neste momento a servir mais de 350 mil. O encerramento sucessivo de serviços de urgência, nomeadamente de obstétrica/bloco de partos, é um sinal preocupante, cujos sucessivos governos parecem não querer ver", disse o autarca.
Paulo Silva defende ainda ser "absolutamente necessário que se proceda à valorização das carreiras médicas e de enfermagem de forma a fixar profissionais no Serviço Nacional de Saúde" e considera ser "cada vez mais urgente que o hospital do Seixal saia do papel e seja construído".
A luta pela construção do hospital no Seixal iniciou-se em 2001, e desde então muitas têm sido as iniciativas realizadas pelas comissões de utentes de saúde, órgãos autárquicos e Plataforma Juntos pelo Hospital para reivindicar a necessidade do hospital no concelho.
A Câmara Municipal do Seixal adianta que vai continuar a reivindicar junto da administração central para que o hospital no Seixal seja uma realidade o mais depressa possível.
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