Adelino Pipa, de 67 anos, veio hoje "à sorte" de Ourém para a consulta que tinha marcada de oftalmologia, sabendo de antemão da possibilidade de não ter consulta devido à greve nacional dos médicos convocada para hoje.

"Correu tudo bem, mas muitos médicos não estavam lá. Houve muita gente que se veio embora", disse à agência Lusa o utente, contando que algumas pessoas se queixaram de andar 200 quilómetros para não ter consulta.

Vitória Costa saiu do hospital com ar desolado. Tinha uma consulta de otorrino marcada há três meses e saiu hoje às 09:00 de Penacova para o hospital, em Coimbra.

A mulher de 65 anos não sabia que havia greve e lamenta, acima de tudo, o dinheiro (que "é muito pouco") que teve de gastar no transporte.

"Para mim, estragou-me o dia. Gastei o dinheiro que não tenho [no transporte]", sublinhou também Fernanda Carmo, de 64 anos, que saiu de Sangalhos, concelho de Anadia, para a consulta que acabou por não ter.

Já José Fernandes conseguiu ser atendido em oftalmologia, mas notou que outras duas pessoas tiveram que voltar para trás.

"Correu tudo bem. Foi um dia normal. É como se não houvesse greve", nota Adérito Pardal, que esteve no serviço de hematologia.

Já Nelson Midões, apesar de não ter sentido o efeito da greve, notou muito "menos movimento" junto do hospital.

"Isto normalmente é o caos e hoje até se anda com mais facilidade do que é normal", constatou.

A greve dos médicos decorre hoje em todo o país e foi convocada pelo Sindicato Independente dos Médicos (SIM) e Federação Nacional dos Médicos (FNAM) face à ausência de resposta do Governo às propostas dos sindicatos.

Os médicos reivindicam uma redução de horas extraordinárias anuais obrigatórias, as chamadas horas de qualidade (durante a noite), a redução do trabalho de urgência das 18 para as 12 horas semanais e a redução da lista de utentes por médico de família dos atuais 1.900 para os 1.500.