Ilda Figueiredo discursava no Porto, numa iniciativa de solidariedade com a revolução bolivariana que juntou cerca de 100 pessoas, a qual teve o apoio de várias associações, incluindo a Juventude Comunista Portuguesa, a Ecolojovem – Os Verdes e a CGTP.
“Estamos aqui contra uma tentativa de golpe de Estado que se está a verificar na Venezuela. Sempre fomos solidários com a revolução bolivariana desde que Hugo Chávez foi eleito presidente da Venezuela. Ao longo dos anos vivemos várias tentativas de golpe de Estado e sempre mantivemos esta solidariedade, porque vimos a mudança que ali foi feita, utilizando as receitas e riquezas para combater as desigualdades e dar resposta às pessoas”, afirmou a ex-eurodeputada da CDU.
A antiga candidata da CDU à Câmara o Porto considerou ainda que a autoproclamação de Juan Guaidó como Presidente interino da Venezuela é “inadmissível”, dado que não foi “eleito com eleições democráticas”, conferindo esse estatuto a Nicolás Maduro, eleito em sufrágio “reconhecido internacionalmente”.
Ilda Figueiredo alertou ainda para as “ingerências externas” e interferências da comunidade internacional, tendo a administração do Presidente dos Estados Unidos da América, Donald Trump, como alvo principal, exemplificando com a interferência norte-americana no Chile, quando “destituíram Salvador Allende e impuseram a ditadora de Pinochet”.
“O que se está a fazer neste momento é inadmissível, não só porque [Maduro] foi eleito pelo seu povo de acordo com as regras constitucionais, mas também porque tem direito a continuar a governar sem sanções, bloqueios económicos, financeiros e diplomáticos como os que estão a ser feitos”, apontou, assinalando que “caem sobre o povo da Venezuela - e não apenas sobre o Presidente e Governo - as consequências deste bloqueio”.
A presidente da CPPC salientou ainda que a solução para acalmar os ânimos na Venezuela passa por “não haver interferências externas, acabar com ultimatos e bloqueios, e deixar que o povo decida o seu destino” e resolva os problemas através de “negociações internas”.
Ilda Figueiredo acusou ainda “forças e grupos económicos” de se quererem sobrepor à vontade de “um povo soberano”.
“Deixemos o povo decidir o seu futuro e não outros países e grupos económicos usarem estas práticas de ingerências capitalistas e imperialistas sobreporem-se à vontade de um povo. Hoje é a Venezuela, já foram outros povos e amanhã podemos ser nós. Temos de ter esta solidariedade internacional, porque não somos uma ilha nesse ponto. Aquele povo está na miséria por estas questões e isso não é justo”, vincou.
Para a CGTP, o único Presidente legítimo da Venezuela é Nicolás Maduro, refutando as alegações da oposição venezuelana de que as eleições foram fraudulentas.
“O que existe para nós - e julgamos que é o correto e defendemos - é que houve eleições e o povo pronunciou-se. Para nós é isso que conta. Maduro foi eleito por um povo e está lá porque o povo assim decidiu. Respeitemos a soberania, o povo venezuelano e o seu Presidente”, defendeu Joana Rodrigues, dirigente da intersindical.
A mesma iniciativa ocorre novamente na quinta-feira, em Lisboa.
A crise política na Venezuela agravou-se em 23 de janeiro, quando o líder da Assembleia Nacional, Juan Guaidó, se autoproclamou Presidente da República interino e declarou que assumia os poderes executivos de Nicolás Maduro.
Guaidó, 35 anos, contou de imediato com o apoio dos Estados Unidos da América e prometeu formar um governo de transição e organizar eleições livres.
Nicolás Maduro, 56 anos, no poder desde 2013, recusou o desafio de Guaidó e denunciou a iniciativa do presidente do parlamento, maioritariamente da oposição, como uma tentativa de golpe de Estado liderada pelos Estados Unidos.
Na Venezuela, antiga colónia espanhola, residem cerca de 300.000 portugueses ou lusodescendentes.
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