“Nós faremos o que for necessário. Essa é, evidentemente, uma questão polémica, mas fazendo uso da nossa soberania, do exercício das nossas prerrogativas, faremos o que for necessário”, disse Guaidó, numa entrevista à France Presse, depois de questionado se usaria os seus poderes legais como Presidente interino para autorizar uma possível intervenção militar.
O dirigente, cuja presidência interina é reconhecida por meia centena de países, enfatizou que fará "tudo o que for necessário, tudo o que tivermos que fazer para salvar vidas humanas, para que não continuem a morrer crianças" ou pacientes por falta de remédios.
"Vamos fazer tudo o que for [preciso] para que se tenha o menor custo social, que se gere governabilidade e estabilidade para poder responder à emergência", afirmou Guaidó, questionado por duas vezes se autorizaria uma intervenção militar.
"Aqui na Venezuela os dias já se contam em vidas humanas (...) De 23 a 30 (de janeiro) a FAES (Força de Ação Especial da Polícia Nacional Bolivariana), uma unidade das forças armadas, assassinou a sangue frio 70 jovens", denunciou Guaidó .
De acordo com várias organizações não-governamentais, a repressão dos protestos antigovernamentais desde 23 de janeiro provocou já 40 mortos,
A crise política na Venezuela agravou-se em 23 de janeiro, quando o presidente da Assembleia Nacional, Juan Guaidó, se autoproclamou Presidente da República interino e declarou que assumia os poderes executivos de Nicolás Maduro.
Guaidó, 35 anos, contou de imediato com o apoio dos Estados Unidos e prometeu formar um governo de transição e organizar eleições livres.
O presidente americano, Donald Trump, que reconheceu Guaidó no mesmo dia de sua proclamação, reafirmou no domingo passado que o uso do exército na Venezuela é "uma opção" que se considerou diante da crise política e socio-económica do país.
Nicolás Maduro, 56 anos, no poder desde 2013, recusou o desafio de Guaidó e denunciou a iniciativa do presidente do parlamento como uma tentativa de golpe de Estado liderada pelos Estados Unidos.
A maioria dos países da União Europeia, entre os quais Portugal, reconhece Guaidó como Presidente interino encarregado de organizar eleições livres e transparentes.
Esta crise política soma-se a uma grave crise económica e social que levou 2,3 milhões de pessoas a fugirem do país desde 2015, segundo dados da ONU.
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