“As coisas já se tinham complicado um pouco antes da pandemia (da covid-19), ficando difíceis por causa da crise que estamos a atravessar (…) A Bambi é uma instituição que exige muito de nós, porque tentamos dar a estas crianças tudo o que elas precisam”, explicou a diretora de relações institucionais e angariação à Agência Lusa.

Maria Alexandra Muñoz-Tébar sublinhou que têm cinco lares em San Bernardino, Caracas, onde acolhe crianças que “estão vacinadas, têm educação privada”, entre outras coisas “que não teriam em casa se não fosse pela ajuda que lhes damos”.

“Recebem refeições (diárias), educação, mas as coisas têm ficado muito difíceis para nós e para as pessoas e instituições que nos ajudam, na Venezuela, por causa da crise. Por isso, nos últimos tempos voltámo-nos para pessoas do estrangeiro, e é com a ajuda delas que estamos hoje a sobreviver e a dar a estas pequenas crianças tudo o que elas merecem”, disse.

Neste contexto, “estamos à procura da comunidade portuguesa para que nos possa ajudar”.

“Que venham, que nos conheçam, que vejam o que fazemos, como o fazemos, e vão partir apaixonados e com vontade de nos ajudar, com o coração cheio, sabendo como é fácil ajudar”, reiterou.

Muñoz-Tébar sublinhou que a Bambi tem “um belo programa” que se chama "Padrinho" e que consiste em “apadrinhar uma criança como afilhado, ajudar no seu sustento e visitá-la periodicamente”.

“Muitas das nossas crianças o que precisam é de amor, que o seu padrinho venha e lhes dê um abraço, que lhes telefone no seu aniversário, e isso é tão valioso para nós como a contribuição económica que esse padrinho lhes possa dar”, explicou.

O apelo de Muñoz-Tébar vai também para a Embaixada de Portugal na Venezuela. “Quando as pessoas sabem de nós, do que fazemos, ajudam-nos porque veem a qualidade do que fazemos (…) A Bambi tem uma mais-valia que é a transparência. Sempre que quiserem podem vir e ver onde está a ajuda que nos dão, seja em bens (alimentares) ou em dinheiro”, disse.

“Temos tido bebés que chegam com apenas 24 horas de nascidos, que foram abandonados nos hospitais, deixados na rua, à porta de uma igreja, ou mesmo às portas da nossa instituição”, disse, precisando que acolhem 130 crianças nos cinco lares.

Segundo a diretora de equipas multidisciplinares Dayany Sanchez, os lares contam com “uma equipa multidisciplinar composta por assistentes sociais, educadores, médicos e psicopedagogos, que se dedicam a restaurar estes direitos abrangentes, principalmente baseados no amor e no afeto”.

As crianças, disse, chegam referenciadas pelos organismos competentes, conselhos de proteção, conselhos municipais e tribunais de proteção e são atendidas para que possam voltar a integrar-se nas suas famílias, que recebem também atenção e são canalizadas para programas distintos.

“Temos um programa de colocação familiar e também oferecemos orientação em temas de adoção”, frisou, sublinhando que as crianças recebem formação em “ferramentas para a vida, formação académica, universitária, técnica e profissional”.

Da direção da Bambi faz parte também Federica Vinaccia, desde há mais de 20 anos. Começou como voluntária quando tinham apenas um lar e está cada vez mais “enamorada” pelo que fazem.

“São tempos complicados para conseguir recursos. Muitas coisas mudaram e as crianças hoje chegam em situações ainda mais difíceis, necessitando de operações (médicas), hospitalizações, e nós cobrimos todas essas necessidades”, disse à Lusa.

Orgulhosa, Federica diz que é também “avó Bambi”, de raparigas que cresceram naqueles lares e que agora têm filhos, e que continuam a telefonar-lhe no Dia da Mãe e de aniversário.

*Por Felipe Gouveia 

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