O PCP “denuncia e repudia as operações em curso que, perante esta derrota do imperialismo e dos setores mais reacionários na Venezuela, visam deslegitimar o significado das eleições, recuperar a oposição fantoche e persistir na ingerência e violência golpista sobre este país”, referem os comunistas portugueses, em comunicado.
Segundo o Conselho Nacional Eleitoral, a aliança de partidos que apoiam o Governo do Presidente venezuelano Nicolás Maduro venceu as eleições legislativas de domingo, com 67,6% dos votos, quando foram contados cerca de 82% dos boletins, mas o líder opositor e presidente da Assembleia Nacional (parlamento), Juan Guaidó, defendeu ter havido “fraude consumada” nas legislativas e anunciou que o parlamento continuará em funções até conseguir eleições presidenciais e parlamentares livres.
Para o PCP, as eleições “– realizadas sob o impacto de um cruel bloqueio económico e financeiro –, constituíram uma afirmação em defesa do caminho de soberania e independência nacional, de justiça e progresso social, de desenvolvimento e cooperação por parte do povo venezuelano”.
O partido reafirma a sua exigência do “fim imediato das criminosas ações de desestabilização, sanções e bloqueio económico e financeiro” que classifica como “uma frontal violação da Carta das Nações Unidas e do direito internacional” feita pelos Estados Unidos e apoiada pelo Grupo de Lima e pela União Europeia.
O PCP insta ainda o Governo português a dissociar-se da “política de ingerência promovida pelos EUA, com a cumplicidade da UE, que desrespeita e agride brutalmente os direitos do povo venezuelano” e reafirma a sua solidariedade para com a Venezuela bolivariana”, lembrando que o processo bolivariano foi iniciado há 22 anos pelo Presidente Hugo Chávez como “ garante de uma vida melhor, de progresso e de paz”.
O chefe da diplomacia europeia, Josep Borrell, disse hoje que a União Europeia (UE) não reconhece os resultados das eleições venezuelanas de domingo por terem violado as regras internacionais e democráticas, e apelou a uma solução política urgente.
O mandato da atual Assembleia Nacional termina em 05 de janeiro, voltando a ser controlada pelos apoiantes de Maduro, embora o líder da oposição, Juan Guaidó, reconhecido como Presidente venezuelano por mais de 50 nações, tenha afirmado que pretende continuar a ser o presidente da Assembleia.
Também o chefe da diplomacia norte-americana, Mike Pompeo, considerou hoje as legislativas como “uma farsa”.
“O que está a acontecer na Venezuela é um embuste e uma farsa”, escreveu Mike Pompeo, na sua conta pessoal na rede social Twitter.
“Os resultados anunciados pelo regime ilegítimo de Nicolás Maduro não refletem a vontade do povo venezuelano”, acrescentou, o chefe da diplomacia norte-americana, cujo Governo não reconhece o presidente socialista da Venezuela, no poder desde 2013.
As sanções dos Estados Unidos da América, que incluem um embargo ao petróleo em vigor desde abril de 2019, estiveram no centro do discurso da campanha de Maduro.
Cerca de 20,7 milhões de eleitores foram chamados às urnas no domingo para eleger uma nova Assembleia Nacional, mas a oposição apelou aos eleitores para que ficassem em casa.
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