"O prémio, decidido pelo Parlamento Europeu, é mais uma chamada de atenção para a necessidade de todas as partes relevantes na Venezuela serem respeitadas, a sua legitimidade própria ser respeitada e todas elas se envolverem numa solução política duradoura para a crise venezuelana", disse hoje à Lusa o ministro dos Negócios Estrangeiros, Augusto Santos Silva, à margem de uma conferência de dois dias sobre migrações e relações interculturais, organizada pela Universidade Aberta.
Para o chefe da diplomacia portuguesa, a distinção pretende ser "um alento para todos aqueles que estão apostados num processo de diálogo".
O governante recordou que estão a decorrer contactos, com mediação, entre a Assembleia Nacional e o Governo.
"É muito importante que eles possam chegar a resultados positivos, porque a Venezuela vive uma situação económica e social muito difícil e não é possível atalhar a essa dificuldade sem resolver antes a questão política", considerou.
Santos Silva reiterou que a solução passa pela libertação de todos os opositores que estejam presos, em prisões ou no domicílio, o regresso a um calendário eleitoral e a condições de realização, observação e acompanhamento das eleições que sejam aceites por todas as partes, e o respeito integral pelas competências próprias da Assembleia Nacional.
Questionado se os portugueses e lusodescendentes continuam a sair da Venezuela, Santos Silva explicou que os níveis de insegurança baixaram em agosto e "há até relatos de alguns que vieram para a Madeira e que já terão regressado para perceber se havia condições de retorno mais duradouro" para aquele país.
"Nunca devemos esquecer que a situação social continua muito difícil", alertou.
O secretário de Estado das Comunidades Portuguesas, José Luís Carneiro, começa este sábado uma visita de três dias à Venezuela para contactar com os emigrantes e lusodescendentes que ali vivem.
A oposição venezuelana venceu esta quinta-feira o Prémio Sakharov 2017 "pela coragem demonstrada por estudantes e políticos na luta pela liberdade".
O prémio foi atribuído ao presidente do parlamento e líder do partido Primeiro Justiça e aos presos políticos Leopoldo López, António Ledezma, Daniel Ceballos, Yon Goicochea, Lorent Saleh, Alfredo Ramos e Andrea González.
O reconhecimento é atribuído num momento de grandes divisões internas na aliança opositora Mesa de Unidade Democrática (MUD), fracionada depois de ver quatro governadores de Ação Democrática, eleitos a 15 de outubro último, prestar juramento perante a Assembleia Constituinte, que a oposição diz ser ilegal e estar ao serviço do regime cubano.
Segundo o presidente do parlamento e um dos premiados, Júlio Borges, o prémio deve servir para reunificar a oposição tendo por base o apoio internacional que tem.
O prémio, de 50 mil euros será entregue a 13 de dezembro, em Estrasburgo.
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