As mortes, a maioria por armas de fogo, ocorreram em Caracas e nos estados de Táchira, Barinas, Portuguesa, Amazonas e Bolívar, na fronteira com o Brasil, onde ocorreram vários assaltos.

Os distúrbios mais violentos ocorreram na noite de terça-feira em Caracas e Bolívar, e prosseguiram na quarta em outras regiões do país num dia de manifestações de opositores e chavistas.

A polícia de choque enfrentou um grupo de manifestantes na quarta-feira num bairro do leste de Caracas, após uma marcha na qual o líder do Parlamento, Juan Guaidó, se proclamou presidente interino da Venezuela.

Os choques começaram quando dezenas de jovens, alguns encapuzados, bloquearam uma importante avenida no bairro de Altamira, e a polícia de choque utilizou bombas de gás lacrimogéneo e balas de borracha contra os manifestantes.

Em Bolívar, uma estátua do antigo presidente Hugo Chávez foi queimada por dezenas de manifestantes na cidade de San Félix, por volta da meia-noite de terça.

Os protestos desta quarta-feira, que fizeram cerca de 20 detidos, foram o primeiro grande braço de ferro entre Maduro e a oposição nas ruas, após as manifestações que fizeram 125 mortos entre abril e julho de 2017.

Convocados por Guaidó, os opositores exigiram a saída de Maduro e a convocação de eleições livres por um governo de transição, enquanto os chavistas rejeitaram o golpe de Estado em curso orquestrado por Washington.

Nicolás Maduro iniciou a 10 de janeiro o seu segundo mandato de seis anos como Presidente da Venezuela, após uma vitória eleitoral cuja legitimidade não foi reconhecida nem pela oposição, nem pela maior parte da comunidade internacional.

A 15 de janeiro, numa coluna de opinião publicada no diário norte-americano The Washington Post, Juan Guaidó invocou artigos da Constituição que instam os venezuelanos a rejeitar os regimes que não respeitem os valores democráticos, declarando-se “em condições e disposto a ocupar as funções de Presidente interino com o objetivo de organizar eleições livres e justas”.

A Venezuela enfrenta uma grave crise política e económica que levou 2,3 milhões de pessoas a fugir do país desde 2015, segundo dados da ONU.