1. No seu discurso, Donald Trump disse que os EUA forneceram refúgio e proteção para “criminosos perigosos”, muitos dos quais, segundo ele, vêm de “prisões e instituições mentais” e entraram ilegalmente nos EUA.

Contudo, segundo o jornal britânico, Trump já fez estas afirmações muitas vezes antes, sem oferecer qualquer prova. Embora algumas cidades dos EUA tenham registado um afluxo de imigrantes, a maioria chegou legalmente, com autorização de trabalho ou autorização para permanecer enquanto os seus casos são resolvidos nos tribunais.

No geral, os imigrantes são menos propensos a cometer crimes do que os nascidos nos EUA, de acordo com vários estudos, inclusive do conservador Cato Institute.

2. Disse ainda que os EUA não têm capacidade de fornecer serviços básicos em tempos de emergência, citando os incêndios florestais na Califórnia e as inundações na Carolina do Norte.

Mas embora esta ideia seja repetida por Trump, as afirmações são incorrectas sobre ambos os acontecimentos. Trump e outros colegas republicanos reforçaram alegações falsas sobre o esforço de recuperação na Carolina do Norte após o furacão Helene, incluindo que o governo dos EUA pode influenciar o clima, até teorias de que ajuda crucial estava a ser retida, o que levou alguns funcionários do governo a alertar sobre ameaças aos trabalhadores federais de emergência.

Trump, durante os incêndios florestais na Califórnia, apelou ao governador democrata, Gavin Newsom, para “libertar a água” das partes do norte do estado, apesar dos especialistas em água do estado afirmarem que o abastecimento de água não era um problema, mas sim geradores para bombear a água.

3. Donald Trump disse que os EUA gastam mais dinheiro em cuidados de saúde do que qualquer outro país do mundo.

Neste caso, Trump está correto. Os EUA gastam mais em cuidados de saúde per capita, quase o dobro da média de outros países ricos.

4. No seu discursi, Donald Trump disse ainda que a sua vitória eleitoral em 2024 mostrou aumentos “dramáticos” no apoio de “praticamente todos os elementos” da sociedade americana.

De facto, Trump melhorou as suas margens com os eleitores latinos em 2024. Um recorde de 46% dos latinos votaram em Trump, um aumento de 14 pontos em relação a 2020. O apoio asiático-americano a Trump aumentou cinco pontos, passando de 34 para 39% em 2024. % em 2020.

No entanto, o apoio dos eleitores negros a Trump manteve-se nos 13% em 2024, relativamente inalterado em relação aos 12% em 2020. Trump teve um desempenho tão bom entre os negros como os anteriores presidentes conservadores tiveram, depois de os negros terem deixado em grande parte o Partido Republicano na década de 1960.

5. Donald Trump afirmou que os EUA experimentaram uma “inflação recorde” que disse ter sido causada por “gastos excessivos massivos e pela escalada dos preços da energia”

Mas se a inflação nos EUA atingiu o máximo em quatro décadas no verão de 2022, quando era de 9,1%. Mas a maior taxa de inflação do país foi de 23,7% em junho de 1920.

Os dados mais recentes mostram que em Dezembro a inflação tinha caído para 2,9%.

6. Donald Trump prometeu recuperar o Canal do Panamá, ao mesmo tempo que repetia uma série de alegações falsas, incluindo a de que 38.000 americanos morreram durante a construção do canal. Também afirmou que “a China está a gerir” o canal.

Mas não é assim, o número oficial de mortos no esforço americano de construção do Canal do Panamá é de cerca de 5.600 pessoas. Embora o número real possa ser mais elevado, a maioria das mortes teria vindo de trabalhadores de ilhas das Caraíbas, como Antígua, Barbados e Jamaica.

O administrador do Canal do Panamá também negou a alegação de Trump de que a China controlava as operações do canal. Disse que as empresas chinesas que operam nos portos faziam parte de um consórcio de Hong Kong que ganhou um processo de licitação em 1997, e que as empresas dos EUA e de Taiwan também operam outros portos ao longo do canal.